terça-feira, julho 25, 2006

Outras Leituras II - (Como quem cava ...)

... “ Quando eu era pequeno, havia lá em casa, no cimo de um lameiro, uma costeira que era só fraga; o meu Pai, na vessada, grangeava também aquele bocadito, que nunca deu sequer feijão-chícharo. Só com dez anos, sem conhecer ainda o pavor dos retalhos de tempo, perguntava-lhe eu, já cansado:

_ “Mas porque é que se cava também isto?...”

E ele, como quem sabia uma verdade eterna:

_ “Para se acabar o dia...”

Miguel Torga – in Dário I

(Assim eu, agora, como quem cava para se acabar o dia ...)

11 comentários:

Diafragma disse...

Cada um cava como pode...

vida de vidro disse...

"Que tristeza isto de a gente escrever! Secos como paus na vida, e sai-nos depois a ternura pelo bico da pena!"
Miguel Torga, Diário I

Isto era quando ainda se usavam penas de bico... :)**

alice disse...

boa noite ;)

pensava-o de férias

espero que esteja tudo bem consigo

um grande beijinho

alice

Maria P. disse...

Quem sabe se não é na última cavadela que está o tesouro?!

Boa noite, "compadre".

M. disse...

... ou para gastar a enxada. Porque às vezes ela pesa demasiado.

Dafne disse...

Torga, sempre Torga.
Sou uma apaixonada por Torga.
Gostei do blog.
Bem haja
Dafne

hfm disse...

Ler os Diários de Torga é sempre um prazer ligam-nos à terra e à força das palavras.

Anónimo disse...

boa noite ;)

se me permite virei visitá-lo desta forma daqui em diante...

agradeço o seu link que agora está vazio e peço desculpa por isso

um beijinho

alice

£ou¢o Ðe £Î§ßoa disse...

Assim eu, que cavaco até o sono me chamar...
Gosto de cavacar!

Até outro instante...

*Gostei do caminho que me trouxe aqui (tu)

Ant disse...

É verdade que a luz é escassa mas sempre é luz. É cavar, é cavar.

Anónimo disse...

ciclos
eternos
com ou sem
explicação

deixo o meu abraço fraterno.

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...