quinta-feira, maio 24, 2007

O Futuro Incerto de Timor Leste...

Recentemente “The Economist” reconhecia explicitamente que a vitória de Ramos Horta, nas eleições presidenciais de Timor-leste é a primeira etapa de um projecto de poder que poderá completar-se nas eleições parlamentares de próximo mês de Junho. Xanana Gusmão, com o seu recém-criado CNRT, derrotará a Fretilin e alcançará o lugar de Primeiro-ministro. Esse o objectivo final...

De momento, essas eleições são o último escolho num plano concebido para reconduzir Timor-leste aos trilhos que a Austrália, os EUA e outros países pretendem, na defesa dos seus próprios interesses, passando por cima dos direitos do povo timorense.

Como tem sido denunciado por algumas vozes insubmissas, os meios de comunicação social internacionais têm desenvolvido uma estratégia à volta dos acontecimentos naquela ilha, que tem distorcido a realidade a favor do que mais interessa aos interesses que promovem.

Daí a apresentação do governo da Fretilin como a consumação de um “estado falido”, a que é indispensável “reparar o rombo”, palavras em que se embrulha a salvaguarda dos interesses neocoloniais da Austrália e dos seus aliados.O mau da fita nesta questão é o antigo Primeiro-ministro, Mari Alkatiri, que após uma brutal campanha nos média foi obrigado a demitir-se.

É, no entanto, é importante recordar o papel deste líder timorense, que se atreveu a bater o pé a instituições todo-poderosas como o FMI e o Banco Mundial, rechaçando os seus “conselhos” para aplicar uma política neoliberal, que hipotecaria o futuro de Timor-leste. Para além disso, não aceitou a chantagem australiana sobre a exploração dos importantes recursos naturais (gás e petróleo), que está a ser disputada pelos dois países...

Com semelhante perfil de estadista e de político, como estranhar, portanto, a virulenta campanha contra a Fretilin, mantida pelos meios políticos e jornalísticos australianos, que contrastou, aliás, com o apoio descarado à candidatura de Ramos Horta. O descaramento foi ao ponto de um jornal “The Australian” ter comentado que a renúncia forçada de Alkatiri era “uma boa notícia para as empresas australianas que pretendam fazer negócios em Dili”.

Por outro lado, a campanha eleitoral para a presidência mostrou como as elites políticas ligadas a velha oligarquia timorense e os antigos colaboradores da ocupação indonésia não regatearam esforços e apoios para derrotar o candidato da Fretilin. Até por cá, apesar da proclamada neutralidade oficial, foi mal disfarçada, nos meios “bem pensantes”, a simpatia pelas hostes de Ramos Horta...

De qualquer forma, o desenvolvimento do processo eleitoral demonstrou à saciedade que Timor leste não é o proclamado “estado falido” e que a vontade popular se mostrou em toda a sua verdade, com essa aliança de “todos contra a Fretilin”, mas dificilmente poderá articular uma alternativa política consistente para o futuro.

É muito cedo para antecipar as consequências da vitória de Ramos Horta. Mas não há dúvida, porém, que para os interesses australianos terão comodamente acesso aos recursos naturais da ilha e empresas estrangeiras irão lestamente a colaborar na “reconstrução do País” (sempre um alto interesse em qualquer parte do Mundo), o que será bom para a oligarquias locais, sempre dispostas a colaborar com os estrangeiros, em troca de umas migalhas...



ver: Txente Rekondo

22 comentários:

Frioleiras disse...

Os futuros ... incertos !

D. Maria e o Coelhinho disse...

Que tal um petisquinho?
Vamos à toca do Coelhinho,
queres ir ?


D. Maria

hfm disse...

é +/- sempre o mesmo!

Nilson Barcelli disse...

Ninguém terá a certeza de que Ramos Horta vai vender ao desbarato a exploração dos recursos naturais de Timor.
Mas também não conheço em pormenor os meandros da política timorense (tu sabes muito mais...).
Por isso não tenho opinião, mas o teu ponto de vista parece-me demasiado pessimista.
Bom fim de semana.
Abraço.

Anónimo disse...

Timor nasceu para sofrer...



petróleo a mais para nenhuma capacidade...

país soberbo...com gente especial e dirigentes in.sábios.



______________________beijo-TE.



(obrigada por não deixares de tocar Piano)

___________________

vida de vidro disse...

Há demasiados interesses em jogo naquele pedacinho do mundo. E são muitos cães a um osso, como é habitual dizer... Claro que acabam por se impôr aqueles que têm por trás as grandes potências.
Obrigada por continuares a alertar consciências. **

Maria disse...

É uma preocupação, sim.
Mas vamos a ver o que vai acontecer nas eleições que se aproximam... vamos ver.
Se acontecer, é uma pena.

Bom fim-de-semana

Licínia Quitério disse...

O petróleo, pois. A pressão dos vizinhos grandes. Os grandes ao longe. Os falsos amigos. Os que aplaudem os grandes querendo também crescer.
Isto é um cocktail de que Timor, tão novinho e tão sofrido, não se irá livrar. Penso eu, já que tu me ajudas a pensar.

PintoRibeiro disse...

Eu nunca fui em euforias, felizmente. O petróleo é o mijo do Diabo, dizem os árabes, e bem.
Não gosto de Ramos Horta.
Bom fim de semana,

M. disse...

Não que tenha lido, não consigo. Deixo apenas um abraço.

Kalinka disse...

Olá

Celebrei os dons da terra e misturei-me com os sons do mundo sem coisa alguma...fui durante 4 dias de mini-férias para o Alentejo profundo.
Comecei por Estremoz e fui em seguida para Évora e daí em diante.

Pelo kalinka poderás ler sobre o «Même» que recebi:
"Para ser grande, sê inteiro:
nada Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim, em cada lago a LUA toda
Brilha, porque alta vive.
"Ricardo Reis"

Beijos mágicos..
Bom fim de semana.

Gi disse...

Eu gostava de ver se a Austrália tinha a mesma disposição de ajudar Timor se não houvesse riqueza para explorar. Não sei porquê mas tudo isto me parece um Déjà vu. Lamentavelmente.

Vou descansar uns dias, para a semana cá estarei para te ler.

Deixo um beijinho e votos de ua boa semana

un dress disse...

vim fazer mémé.

e ler. ainda bem que posso ver através de ti...:)




beijO

Jorge Castro (OrCa) disse...

Tomates com tomates pagando, meu caro, e grato pela distinção, que assim retribuo.

Continuando a divagar por tais atributos, receio bem ser Ramos Horta, no limite, da seita dos tomates pelados... se não já dos tomates servidos em iguaria de cebolada aos tais conspíquos poderes.

Mas Timor foi uma bandeira. A evolução (?) da situação não se mostra muito airosa. Mas outras virão. Outras situações e outras bandeiras, claro.

É uma "never ending story" onde apenas os desistentes são trucidados.

E se de cada um de nós se esperar alguma coerência e empenhamento q.b., o mundo há-de pular e avançar, desiquilibrando o estado actual da balança neo-liberal.

A fé é que nos salva, não é? ;-)

Um abraço.

Peter disse...

Um belo artigo sobre Timor que não se afasta muito do meu ponto de vista, aliás expresso em artigo recentemente publicado no n/blog.
Tive oportunidade de falar com pessoa amiga que, pelas funções que ali desempenhou, conhece bem a realidade timorense.

Frioleiras disse...

Foste à exposição do Columbano ?

Vai dar-me a tua opinião...

Bj

F.

sonhadora disse...

Li e o futuro de Timor -Leste e opinião melhor que a tua não tenho.
Deixo-te beijinhos embrulhados em abraços

Maria P. disse...

Uma análise bastante realista. Não acredito muito que sejam bons tempos os que se aproximam.

Um abraço*

António Melenas disse...

sdEram tão previsíveis tão descarados os objectivo da golpaça urdida pelo Sr. Gusmão & esposa e pelo Sr. Horta, pela igreja timorense, com a proteeção da Australia (proncipalmente, mas não só), na opereta que foi a revolta dos de demissionarios do sr Reinado, que só cegos ou mal intencionados não viram ou fingiram que não viam.
Cansei-me de denunciar essa golpaça no meu outo blogue, durante os dias da crise.
Pobre Timor
Um abraço

o Reverso disse...

...vamos a ver.

isabel mendes ferreira disse...

bom dia!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!






beijo.










sempre.

PintoRibeiro disse...

Bom dia e a braço.

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