São de brasa os anos de 1961/62. Como, aliás, toda a década de sessenta, no nosso País...Há greves operárias e camponesas de norte a sul. O 1º de Maio de 1962 é a maior comemoração de sempre, do Dia do Trabalhador, durante a ditadura fascista de Salazar e Caetano.
A União Indiana havia, pouco antes, recuperado Goa e libertado o denominado Estado Português da Índia. Começa a Guerra Colonial em Angola. Verifica-se a tentativa de assalto ao quartel de Beja por um grupo de militares e civis. José Dias Coelho – o pintor mais tarde celebrado na canção de Zeca Afonso – militante comunista, é assassinado pela PIDE. Ocorre a espectacular fuga da prisão de Caxias de um grupo de dirigentes do Partido Comunista Português.
Em Lisboa, na sequência da proibição da comemoração do “Dia do Estudante”, intensificam-se as lutas estudantis, dando início a uma prolongada greve que alastra às outras academias. Mais de 1500 estudantes são presos...
Adriano Correia de Oliveira, então a estudar em Lisboa, regressa a Coimbra e está presente em todas as lutas académicas. Canta baladas, fazendo o canto participar na luta. Em 1963, Adriano está a viver na República “Rás-te-Parta”, onde funcionará a sede da candidatura democrática às eleições da Associação Académica. Grava um disco emblemático: “Trova do Vento que Passa”, poema de Manuel Alegre e música de António Portugal.
O general Humberto Delgado é assassinado pela PIDE. Luandino Vieira, escritor angolano, com o romance Luuanda, ganha o prémio da Sociedade Portuguesa de Autores que, por esse motivo, é assaltada pelos esbirros da Legião Portuguesa e fechada pela PIDE.
Para Adriano a “canção é uma arma”... Canta por esse País fora, sempre solidário com as lutas e anseios do Povo Português. Depois do 25 de Abril, o seu compromisso de cidadão solidário com as causas mais nobres e justas prosseguiu, ganhando, se possível, ainda mais forte intensidade. E a sua voz forte e bem timbrada, constitui uma referência ao serviço da revolução dos cravos e um exercício de cidadania que ainda hoje aponta caminhos do futuro.
António Correia de Oliveira faria, este ano, 65 anos, colhido que foi, pela morte, aos 40.
Que a força do seu exemplo e a sua mensagem perdurem no coração daqueles que foram seus camaradas e amigos, ou daqueles que simplesmente se professam seus admiradores...
domingo, outubro 14, 2007
Anos de brasa....
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CELEBRAÇÃO DO TRABALHO
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Escrevo poemas imaginários (que jamais serão escritos) e te envio numa gota de chuva neste inverno de melancolia sei que vais ...
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6 comentários:
Hoje, tal como naquela altura, nem só os comunistas lutam contra as desigualdades sociais e as injustiças...
Bom trabalho o teu como habitualmente...
Abraço sentido.
Um dos mais firmes degraus da escadaria que subi pela vida fora.
Independentemente das opções partidárias - principalmente falando dos anos 60 - a voz de Adriano foi, se quisermos utilizar um chavão romanticamente realista, um farol a guiar uma multidão de jovens inconformados. Negá-lo, por algum deslocado preconceito, é desonesto e estúpido.
Bela homenagem a tua.
Um abraço.
É bonita a tua homenagem ao Adriano.
Foi tarde naquela noite, há 25 anos, que a rádio deu a notícia. E o Adriano aí cantou.
Aqui continua a cantar, sempre, com aquela voz que só ele tinha...
Obrigada.
Beijo
Meu caro amigo,
é impossível ler estas tuas palavras sem sentir profunda emoção.
Uma grande abraço
Amigo, pouco comentando, mas sempre assimilando tuas palavras/ensinamentos.
Um abraço fraterno.
Muito bela esta homenagem. Bom ver que ainda existe espaço para se recordar a tenacidade e a determinação de grandes homens que fizeram a nossa história recente.
Um abraço
Mel de Carvalho
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