Granítica paisagem de meus olhos
Tão longínqua que assusta a águia em seu voo picado
E a tímida giesta se embaraça na rocha sob o musgo
Apenas o vento se atreve e o fumo
Tudo o mais é espaço e lume ardido ...
O sol que das cigarras tem o canto guardado
E nos raios acesos o delírio de flores secas
Amarelo de tanto estio. Desce agora.
E o horizonte esfarrapado. Nuvens breves acenando
Lá ao fundo. E o mar como ausência além surgindo ...
Pedras sobre pedras. Tão perfeitas formas
Que tombam. Ou se erguem sob invisíveis dedos como pássaros.
Quixotescos castelos domados. Ou fantasmagorias.
Na vertigem da noite dos tempos. Como a cruz solar
Dominando o cume na contraluz da tarde ...
O templo é esta secreta pedra. Cravada como unha
Na montanha. Por dentro fechada e por fora o silêncio.
E o lixo. Agonizante festa que morde a rocha.
Restos. Saturnais em cinza quente ainda.
Ou fanada dança solta pelo caminho ...
Somos o que somos. No íntimo círculo
Bem sabemos que estas antas são apenas reminiscências
Que eufóricos buscamos. E o esboroado muro. E a afeiçoada pedra.
E sofremos então a dor do teixo sob hera
E bebemos a água cristalina pelos dedos ...
E nos fios de Penélope que nos prendem. Sólidos.
Somos o mar que agora se fecha. Somos ilha.
E o perfume do vinho raro que brindamos.
E a tentativa destes versos (Como abraços).
Que não hino, nem poema. Mítico regresso apenas.
Ítaca montanha...
.......................................................................................................
Estarei ausente do vosso convívio durante uns dias.
Deixo um abraço. Até breve....
domingo, junho 08, 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Orquestração de Hinos
Polpa dos lábios. E a interdita palavra Freme… E se acolhe Em fervor mudo E sílaba-a-sílaba Se inaugura… Percurso De euf...
-
Escrevo poemas imaginários (que jamais serão escritos) e te envio numa gota de chuva neste inverno de melancolia sei que vais ...
-
A o centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e refeição parca… e o copo como c...
31 comentários:
"Quando começares a tua viagem para Ítaca,
reza para que o caminho seja longo,
cheio de aventura e de conhecimento.
....."
Recolhi o teu abraço, levo-o comigo.
Volta depressa.
Ficaremos a fazer malha
com agulhas de pinheiro bravo.
Que o teu regresso seja manso.
:)
gostei (muito) de lê-lo...
e porque hoje é dia dos oceanos
«Novos mareares longe me esperam
Seguirei...»
boa semana
bom regresso
um sorriso :)
Mas sim hino
poema
ítaca
porque um pássaro pode
fazer caminho
por cima das montanhas
Meu novo e estimado amigo.
que seu caminho seja de muita luz e paz.
Adorei seu blog, e voltarei sempre.
Beijos da sua nova amiga.
Regina Coeli.
te aguardo no cantinho da deusaodoya.
Volte logo viuuuuu.
Até breve...
Beijinho*
Até breve!
E tu: és o que és - eu gosto. :-)
Belo poema.
Lembrei-me de Kavafis: Terás sempre Ítaca no teu espírito,
que lá chegar é o teu destino último[...]Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem ítaca não terias partido.
Um abraço.
Um poema-mar que, qual dilúvio, cobre a montanha.
magnífico.
Meu caro herético!
Que seja para ti uma ausência querida!
Serás então a presença de uma ausência.
Que a Penélope não se esqueça...Cuidado com as Sereias.
Novos desafios?
Abraços.
E Ulisses, não esqueças que as tuas Pénelopes aguardam ansiosas na praia pelo teu regressso ;)
Mil beijos
"Se partires um dia rumo a Ítaca
faz votos de que o caminho seja longo
repleto de aventuras,repleto de saber..."
(Verso pedido emprestado a Constantino Kavafis)
Boa viagem
Andei na passeata. Gostei.
Uma noite descansada.
DEixaste-nos em boa companhia, mas francamente prefiro a tua...
Felizes dias e feriado sereno!
Que belo modo de falares de um lugar que de certo te diz muito.
Boa sorte no teu regresso.
Visitar, conhecer, ou reconhecer um lugar sempre é magia.
Abraços.
E na pedra
O granito
o vento
o sol ardente
e o regresso
sempre o regresso
às origens
da Vida...
Um abraço e volta breve, aproveita bem estes dias de feriado...
;))
despedida breve para a vossa (breve ?) ausência. e ergo a taça do meu vinho a vós e ao vosso regresso.
e assim vos venho descobrindo: poeta.
Ítaca a desejada e a sempre adiada.
Também aprendi a fazer malha com carumas..., como a Tinta_Azul.
.
Desejo-te uma heróica viagem, mas, não ficarei [como podes entender] a tricotar enquanto voltas...
:)
....
É a falta das carumas e a falta do "tempo", aquele desgraçado de quem ando sempre à procura e me foge...
.
Que o "tempo", nos seus múltiplos sentidos te seja favorável, a ti.
.
Aguardo-te, de outras maneiras.
.
[Beijo amigo...]
Caro Herético,
porventura dos mais belos poemas que li aqui.
Não destaco nenhum verso. Todo o poema me cativou plena. A mitologia fez-se presente em muitos dos meu textos, também.
E para além de nós os grandes, tal como Konstantínos Kaváfis:
“Tem sempre Ítaca na tua mente.
Chegar lá é o teu destino.
Mas não te apresses absolutamente nada na tua viagem
(…)
E, sábio como te terás tornado,
tão cheio de sabedoria e experiência,
já terás percebido, à chegada, o que significa uma Ítaca..”
Que a sua viagem seja longa e que nela encontre a cristalina água que lhe é devida.
Abraço
Mel
Gostei desta viagem a Ítaca, qual heroína de uma história grega
volta rápido amigo a tua escrita faz-nos bem
beijos e bom regresso
um poema extraordinário que me faz voltar apesar da tua ausência. um grande beijinho e boas férias :)
Vim confirmar a ausência...
Felizes dias até ao regresso.
O poema é excelente.
Gostei de o ler.
Bom regresso, abraço.
Ficarei à espera do teu regresso.
Espero que tudo esteja bem.
Sem tempo para ler mas com tempo para mandar 1 abraco.
e do mítico se fAZ O CAMINHO.
______________________.
Regressamos a Ítaca nos lugares e nas viagens interiores. Aí onde estão os fios que nos prendem.
Aguardamos o teu regresso, se não a Ítaca, pelo menos aqui.
Enviar um comentário