sexta-feira, agosto 15, 2008

Bilhete Postal...

Na ardência da palavra
A pele gretada, o sulco sobre a terra.
Mater no húmus da espera
O som da semente. O odor lento.
O caminho. Esta fraga de dor
Despenhada sobre o tempo...

Apenas a águia (ou o corvo branco)
Se atrevem na voragem
Deste horizonte....

Quem colhe a manhã que teima
Na brisa dos dedos?

Quem de tão néscio se obriga
A caminhar ignorante da água
E do lume no interior da pedra?
Quem nesta brida se atreve além
Do curto olhar do dia?

Como se chama fosse o voo da ave
Saturnina...

23 comentários:

Maria disse...

Deves estar num sítio maravilhoso...
... esse horizonte assim falado....

Boas férias!
Beijos

Mar Arável disse...

Tens razão

apenas a águia

Marinha de Allegue disse...

Semella un percorrido especial...

Apertasssss.
:)

Peter disse...

Desconhecia os teus dotes poéticos.
Boas férias. Eu cheguei hoje ao Algarve. Eu sei que é um horror em Agosto, mas a crise e um problema renal que me atormentou desde Março, levaram-me a ficar por aqui.
Abraço,
Peter

~pi disse...

bom tempo!

corvo branco?

vi muitas águias este verão:

águias ibéricas

a dormir no ar! :)



~

Jorge Castro (OrCa) disse...

Alto, o voo!

Abraço.

Oliver Pickwick disse...

Estou de volta depois de 30 dias ausente da blogosfera. E, como um bom auspício, leio uma poesia de sensibilidade acurada e linguagem irretocável.
É bom retornar e saber das horas no relógio de pêndulo.
Um abraço!

M. disse...

Lindíssimo!

jrd disse...

Interioridades

Maria Laura disse...

A manhã sente-se como chama nos dedos. Mas, nessa fraga, existe água. Sempre.
Excelente poema. Voaste alto por aqui.

margarida já muito desfolhada disse...

palavras suas, deduzo.

muito bom.

um beijo

O Puma disse...

Quando as entranhas se desbravam

os corvos ficam brancos

Isamar disse...

Regressado de férias chegas-nos com um bilhete postal.Mais um excelente poema.
Beijinho

Maria P. disse...

Lindo.

Beijinho*m*

Graça Pires disse...

Um bilhete postal magnífico! !Apenas a águia (ou o corvo branco)
Se atrevem na voragem
Deste horizonte...."
Palavras ardendo como lume...
Um abraço.

Stella Nijinsky disse...

Olá Herético,

Gostei muito do teu poema, muito bem construído, como de costume, com versos muito bonitos!

Não são muitos os que se atrevem mas os que o fazem podem ser brindados com algo superior ... ou então pura e simplesmente vêm aquilo que por vezes a ignorância esconde, e que pode trazer algum sofrimento.
Infelizmente não pode ser escolha, depende das características de cada um.

Beijo, Stella

São disse...

Adorei receber este teu bilhete postal.
E fico aguardando cartas, telegramas, bilhetes,tudo ...
Feliz semana.

hfm disse...

Como se... a eternidade parasse por aqui.

batista disse...

“Quem colhe a manhã que teima
Na brisa dos dedos?”

...não sei, não sei... alíás, bem pouco sei, ou julgo saber. contudo, sei de versos que agitam a aparente quietude do rio ou da escuridão da pedra:

"Quem de tão néscio se obriga
A caminhar ignorante da água
E do lume no interior da pedra?
Quem nesta brida se atreve além
Do curto olhar do dia?"

... profanos, proféticos versos.... que não calam. que tratam pessoas como pessoas ao (re)conhecer, respeitar e valorizar suas singularidades.
herético versejador... que trata o povo como povo – e não massa! – pois ao enxergar a alma do povo, percebe-se centelha dessa alma comum.

jawaa disse...

De tão belo, acho que vou roubar este poema...
Um abraço

Eme disse...

Hum

dias produtivos esses

os ares do sul

a pele torradinha

as visões de curvas ao léu

etc..

muito inspirada voltou S. Exª

Beijo

Unknown disse...

Não será um voo nocturno, o da ave saturnina?
Poema lindíssimo, que adorei ler, no meu regresso.

[Beijo!]

isabel mendes ferreira disse...

ardencias que o tempo consome.




palavras.



que emergem.


.



como aves. eternas.

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