terça-feira, maio 26, 2009

“O que é necessário”...

Dizem-me os jornais que as sondagens dão empate técnico aos dois partidos do bloco central – PS e PSD – nas eleições para o Parlamento Europeu. O empate técnico deixa tudo como estamos – quer dizer em ponto morto... com tendência marcha atrás!

É normal. O País está em ponto morto, desde há décadas, por acção dos dois partidos, - “agora viras tu, agora viro eu”. E, no entanto, face aos problemas do País, agravados pela situação mundial bem necessária se torna uma rotura com as políticas que têm nos dois maiores partidos o seu expoente e que atiraram Portugal para beco em que nos encontramos.

Previsivelmente, se a crise mundial passar e quando passar, Portugal será mais pobre e mais desigual do que é hoje...

E, face à generalizada demissão das nossas elites (são honrosas as excepções) e ao catastrofismo e pessimismo reinantes, inspiremo-nos então no pensamento vigoroso de homens da nossa história recente, tantos deles esquecidos e vilipendiados...

Escutemos Raul Proença:

O que é necessário, republicanos, é irdes fixando muito bem esta ideia: há republicanos (ou pseudo republicanos) mais inimigos futuro que os mais reaccionários integralistas.

Mais ainda: a real oposição de hoje em dia - a oposição que impõe a verdadeira encruzilhada em que está a história do mundo (...) é entre radicais e conservadores. Não ser conservador, - eis o que verdadeiramente importa, - eis o timbre da verdadeira nobreza.

Isto é que é preciso que vós saibais. Precisais de vos habituardes a apreender os factos e as ideias para além do artifício e da mentira das palavras”.


SEARA NOVA- Nº 1, 15 de Outubro de 1921

.......................................................................

Mutatis mutandis ...

26 comentários:

Licínia Quitério disse...

Fomos de facto atirados (e também porque o consentimos) para um beco estreito e sombrio. Saibamos abrir a janela que já se adivinha por onde entre o apreço devido pela dignidade de quem verdadeiramente suporta e alimenta este país cansado e sobejamente aviltado.

Um abraço, Herético.

luis lourenço disse...

Contra factos não há argumentos...
Palavras, palavras, palavras...fazem falta as boas práticas, assentes em boas políticas que cada vez mais escasseiam...Ora aqui, como está claro, é que o deserto cresce e a humanidade se empobrece.E nós? na corda bamba! Tirem-nos deste filme.

abraços

o Reverso disse...

o povo, chamemos-lhe assim, não está na sua quase totalidade em ponto morto...?

não será um país um espelho?

vida de vidro disse...

O problema é que a "generalizada demissão" não é só das nossas elites. Não somos, no conjunto, um povo indiferente que se demite do seu dever de cidadania? Ou talvez apenas um povo desiludido? A verdade é que, pelo menos neste sistema "democrático", somos nós que elegemos os dirigentes. Então, não nos demitamos desse dever. E sem o "encolher de ombros" da praxe. **

mdsol disse...

Logo hoje que vinha a qui desejar um bom dia ao vizinho da blogosfera (disseram-me que era dia do vizinho, sei lá) e tem-me aqui um post destes sério, que eu sei. E se eu sei que estamos em altura de pouca ou nenhuma brincadeira, mas fico a digerir as palavra sempre densas e bem escritas, e cumpro o meu propósito inicial:
Bom dia vizinho da blogosfera!

Maria P. disse...

Receio que as pessoas estejam a baixar os braços, no dia-a-dia o desagrado é total...

Beijinho*

São disse...

Estamos cada vez mais enterrados na apagada e vil tristeza de que Camões falava...

Esperemos que mudemos qualquer dia.
De preferência já nas próximas eleições!!

Uma boa noite.

escarlate.due disse...

quase me apetecia dizer "é favor ler 100 mil vezes e se nem m4esmo assim encaixar é favor ler mais 100 mil vezes"

Frioleiras disse...

o país não está em ponto morto
está

mesmo

morto !

Nilson Barcelli disse...

Tal povo, tais eleitos...

Os "brandos costumes" e a "virtude que está no meio", fazem o resto.

Deste meio só mudamos para outro meio... e podemos fazê-lo rapidamente, tal como aconteceu em 1974... sem extremos, sempre no meio...

Um abraço caro amigo.

mariab disse...

"o que faz falta é avisar a malta"... e também animar. pois. escutemos e passemos à acção. urgente.
beijos

Cristina Fernandes disse...

A consciência daquilo que deve ser a cidadania é fundamental.
Cristina Fernandes

Paula Raposo disse...

Pois não devemos cruzar os braços não. Beijos.

Arábica disse...

Agitador de massas? :)


Já não há palavras novas.


Urge ser novo.

hfm disse...

Meu amigo, o meu descrédito em tudo que é político e nos políticos deste pobre país é total em mim. Infelizmente.

jrd disse...

O que é necessário é mudar "esta malta" porque a outra, a nossa, já está avisada há muito.
Abraço

R.Almeida disse...

Eu diria mais, pois para além do país estar em ponto morto e sem travão o que lhe permite ser empurrado para aqui ou para ali, está enferrujado pela inactividade e precisa de uma reparação a fundo e mudança das peças que não funcionam. O grande problema é que parece não haver peças de substituição que o tornem funcional em stock.
Um abraço

dona tela disse...

Se calhar, é por estar tudo em ponto morto que hoje me estreei a escrever crónicas. Acredita?

jawaa disse...

Tão difícil «apreender os factos e as ideias para além do artifício e da mentira das palavras»...
O mundo é uma farsa e Portugal é o bobo - principalmente na Justiça!

GS disse...

Um autor, suas ideias... uma excelente 'escolha' para o momento que o país atravessa!
O problema é que já não estremece...

Um beijo,
... sensibilizada pela amizade!

~pi disse...

há uma espécie de morte

ou de esquecimento

a produzir efeitos

a la longue,

entre nós.

pouco creio em palavras, eu,

as forças são do

esquecimento

são

de facto

muito poderosas.

escolho a fé numa coisa

individual e inexplicável

a que chamo

amor ~

( contra todas as

correntes, creio




beijo




~

Vitória disse...

Correndo o risco de me confirmarem o adjectivo violenta: Que boas bengaladas falta dar para o povo acordar. Eça dixit.

São disse...

Mais novas, não há?

Boa semana.

Frioleiras disse...

beijinhos de regresso, herético

(cheira-me ue... não vou por os pés nas eleições....)

Peter disse...

"Não ser conservador, - eis o que verdadeiramente importa, - eis o timbre da verdadeira nobreza."

Como não me revejo no meu Partido e muito menos em quem governa o meu País, pela primeira vez não irei votar e assim continuarei enquanto tudo se mantiver tal como está.

Graça Pires disse...

É fantástico como temos mudado pouco ou nada. O beco não tem saída... Em ponto morto, sim. O desinteresse é total por culpa de uma classe política desacreditada e incompetente.
Um beijo.

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...