sexta-feira, julho 03, 2009

Os Sinais e as Coisas...

Fecundemos então as palavras
Na decifração dos sinais que habitam
As coisas ainda por dizer...

Em cada nome há sempre um rasgar de águas
Uma placenta que arde
E o grito surdo do barro sob os dedos
Talhando o nexo ora encoberto na sombra...

E deste lado de nada onde o poeta se agita
Na palavra inominada, a espera. A palavra outra.
A que demora. A que em trânsito se liberta.
Amplexo agora de movimentos inversos
Em que o Verbo se faz sarça. E lume...

Assim o dia. E o bago em bocas pregoeiras.
E as palavras (des)encontradas.
E as emoções aladas em cascata de sentidos.

E seus destinos...


...........................................................

Bom fim de semana. Beijos e abraços...

17 comentários:

Maria disse...

Uma única palavra: "Soberbo"!

Beijos, e beijos

Paula Raposo disse...

E um jeito assim bonito de poetar! Beijos.

Frioleiras disse...

tão bonito este teu poema...............
um bom prelúdio para o meu começo de fim-de-semana..................

bjnh

Mare Liberum disse...

Fantástico, poeta!
Continua!

Bem-hajas!

Beijos

Licínia Quitério disse...

"deste lado de nada onde o poeta se agita" envio um comovido abraço. Pelo talento, pela sensibilidade.

mariab disse...

a rara beleza das palavras a dar ainda mais luz ao fim de semana. "deste lado de nada", agradece-se.
beijo

vida de vidro disse...

Muito belo, poeta. É bom acreditar "deste lado de nada" onde a inquietação se instala que há coisas ainda por dizer. E sinais a decifrar.
Bom fim de semana. **

Unknown disse...

Tão visceral...
... a tua procura das palavras.
Tão poéticas e políticas, sempre!
.
[Beijo...@]

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

achei este poema simplesmente "FABULOSO".

agora convido o meu amigo Poeta a ler de baixo para cima.

faz sentido e fica sonante.

portanto resumo que este poema pode e deve ser lido das duas maneiras.

meus parabéns!

um beij

~pi disse...

não sei se sobra alguma coisa por nomear,

por-dizer.

por fazer, seguramente, muitas sobram,,,



beijo




~

jrd disse...

Fecundemos as palavras para que as coisas ditas possam mudar os destinos.
Abraço

Mar Arável disse...

Fecundemos então as palavras

se preciso for

para a sua libertação

Muito bom

Abraço

luis lourenço disse...

Na tua poesia, as palavras são aves que voam...e poisam sobre as coisas que dizem cristalinamente mesmo o indizível que há nelas...
excelente...
abraços,

Véu de Maya

pessoana disse...

Se a palavra outra te encontrasse, não andarias à procura dela. Seria uma perda de talento!

vieira calado disse...

Considero excelente o seu poema,

meu caro.

Um forte abraço

Mel de Carvalho disse...

«(...) como sucede com a flor duma planta, é na cultura que reside a capacidade (ou a responsabilidade) da elaboração e da fecundação do germe que garante a continuidade da história...»,
in Portugal: Um Retrato Singular- Amílcar Cabral

Estimado amigo Herético, a sua poesia é a fecundação e o garante de que, culturalmente, o nosso pais tem extraordinários pensadores e poetas (vivos, felizmente) que darão continuidade ao que de melhor se fez e faz neste pais.

"Em cada nome há sempre um rasgar de águas
Uma placenta que arde
E o grito surdo do barro sob os dedos
Talhando o nexo ora encoberto na sombra..."

Isto é poesia. Todo o poema o é.Da melhor, da maior, que tenho lido.

Bem-haja pois por assim, aqui, a doar a nós, seus leitores.

Um fraterno abraço, muito grato,
Mel

São disse...

Muito bom!

Mesmo.

Abraço.te.

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