quinta-feira, agosto 13, 2009

"Sem semear ilusões..."



Foi publicado o nº1708 da revista "SEARA NOVA"- Verão de 2009

Destaco do Editorial:

(...) "Meio ano passado. Outro tanto por vir, contendo ainda as eleições legislativas e as autárquicas de Setembro/Outubro.

Que perspectivas? Não vale a pena semear ilusões...

É espectável que, com o pico sazonal do turismo, possa haver alguma animação económica (ou aparência de), mas no pós-férias a situação de vida dos portugueses vai agravar-se. E mesmo que existam alguns sinais de abrandamento da crise internacional, o que não é seguro, a crise portuguesa prosseguirá o seu caminho próprio, como já acontecia antecedendo a crise internacional.

Uma mudança de política é indispensável (...). Não uma mudança qualquer; mas uma mudança que propicie condições para uma ruptura com as políticas neoliberais, de direita.

. Uma ruptura com a submissão à eurocracia e às instituições e orientações europeias.

. Uma ruptura com a subordinação aos interesses económicos dominantes nacionais e internacionais.

. Uma ruptura com a complacência (não digamos mais) perante a corrupção política e económica.

. Uma ruptura com o esvaziamento das funções sociais do Estado e com a inépcia para assegurar o funcionamento da máquina estatal (incluindo os “estranhos” critérios na opção dos investimentos públicos).

Um governo como o de Sócrates, por muito que agora tente alterar o estilo para uma aparência de humildade e respeito democrático, será incapaz de romper com a política realizada ao longo de toda a legislatura, porque não lho permitem os interesses a que está ideologicamente enfeudado.

A alternância política entre os partidos do chamado “arco do poder” ou "centrão" já mostrou sobejamente que permite alternar, mas não as alterações de política que o País precisa.

A sociedade portuguesa foi defraudada nas esperanças e potencialidades que a Revolução de Abril criara. Domesticada nos limites de uma democracia formal, esvaziada de visão libertadora, desliza perigosamente para um alheamento dos valores da solidariedade, da cultura, do amor pátrio (...).

Neste quadro, se criaram grandes fortunas de origens obscuras e chegaram ao topo das responsabilidades públicas indivíduos medíocres sem horizontes colectivos.

As eleições legislativas, que aí vêm, não serão por si só o meio definitivo de suster esta degradação da sociedade portuguesa.

Mas serão certamente uma boa oportunidade de acentuar o descontentamento com as políticas de direita que os portugueses acabam de manifestar nas europeias (bem como em grandiosas manifestações populares), de fazer crescer eleitoralmente as forças com projecto progressista e de elevar o tom das exigências de real conteúdo democrático.

A “SEARA NOVA”, pelo seu lado, continuará firme na defesa da cultura, da democracia e do progresso social..."

O presente número, com artigos que são autêntica pedrada no charco dos valores dominantes, é disso honroso exemplo..."

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De destacar também neste número a notável entrevista com o dr. António Arnaut, sobre a situação do "Serviço Nacional de Saúde", e o artigo de Carlos Carvalhas "Consideração breves sobre a crise e sua evolução", bem como o artigo de José Goulão "Criação do Estado Palestiano está cada vez mais comprometida" e o artigo de Carlos Santos Pereira "O Mundo suspenso do efeito Obama"


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6 comentários:

Isamar disse...

Precisamos de seara nova que pugne pela cultura, pela liberdade, pela democracia nos moldes que há muito defendemos. Não alimento ilusões quanto aos resultados dos actos eleitorais mas espero que esta maoria tenha o fim que merece.

Bem-hajas!

Beijos

Licínia Quitério disse...

Sem ilusões, mas conscientes de que assim NÃO.

Abraço.

Peter disse...

"Neste quadro, se criaram grandes fortunas de origens obscuras e chegaram ao topo das responsabilidades públicas indivíduos medíocres sem horizontes colectivos."

É o trivial...

GP disse...

Diz-se, escreve-se, ouve-se... mas os políticos continuam a ser os mesmos.
Será que este país tem futuro?!

beijo

Frioleiras disse...

já não tenho ilusões..........

o mundo ficou definitivamente de pantanas...

talvez um dia,
um dia em que os ideais da nossa juventude possam dar frutos....
mas agora,
no 'nosso' presente,
não acredito.

Já não veremos nada de melhor .
E a saúde? O serviço nacional de saúde de que tanto necessitaremos....

cada partido só pensa no seu umbigo.

democracia e generosodade?

infelizmente,
infelizmente já não acredito....

e gostaria, gostaria tanto.....................

Jorge Castro (OrCa) disse...

Necessitamos, efectivamente, de uma nova seara e de um muito diverso amanho da terra...

Abraço.

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