quarta-feira, janeiro 13, 2010

Uma data a celebrar. Ainda!

Perfazem-se 35 anos sobre a data em que, por iniciativa do Movimento de Libertação das Mulheres (MLM) e do Movimento Democrático das Mulheres (MDM) umas centenas de mulheres se manifestaram no Parque Eduardo VII, em Lisboa, em favor da emancipação feminina e pela libertação da Mulher portuguesa de atavismos ancestrais.

Foram vilipendiadas, apalpadas, agredidas no local por centenas de homens (a imprensa refere mais de dois mil) e, posteriormente, caluniadas na comunicação social e nos meios conservadores da sociedade portuguesa. “Um acto de barbaridade machista”, como o qualifica(ra)m as promotoras da iniciativa.

O que mudou na sociedade portuguesa desde então?

Maria Teresa Horta que, com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, (as “três Marias”) foi condenada nos tribunais fascistas, pela publicação de uma obra notável -“Novas Cartas Portuguesas”(1971) - declarou à imprensa de hoje:

- “Nada do que estava representado na manifestação de há 35 anos está desactualizado: o casamento tem a mesma simbologia opressiva, a pornografia exploradora da imagem da mulher é cada vez mais corrente, ainda há violência doméstica, a sexualidade da mulher ainda é tabu e mantêm-se as discriminações no trabalho e no acesso ao poder...”

Não haverá libertação das mulheres sem simultânea libertação dos homens! Homens e Mulheres – a mesma luta pela emancipação da Humanidade!...


....................................................
Gozo I

Linho dos ombros
ao tacto
já tecido

Túnica branda
cingida sobre as
espáduas

Os rins despidos
no fato já subido:
as tuas mãos abrindo a madrugada

Linho dos seios
na roca dos sentidos
a seda lenta sedenta na garganta

a lã da boca
cardada
no gemido

e nos joelhos a sede
que os abranda

Linho das ancas
bordado
de torpor

a boca espessa
o fuso da garganta...”


Maria Teresa Horta

16 comentários:

Isabel Victor disse...

Belíisimo, este poema de Teresa Horta !


um beijo


iv

jrd disse...

Parabéns para a data; parabéns pelo poste e pelo poema, urgente.

Maria disse...

É uma luta que terá de continuar.
A Teresa Horta escreve o erotismo de uma forma soberba!
Obrigada

Beijos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

aliou muito bem o texto com o poema da Tresa Horta que escreve muito bem sobre o erotismo.

um beij

Licínia Quitério disse...

Uma data a celebrar. Uma luta a continuar. Belo poema, como toda a obra da Teresa Horta.

Obrigada, Homem, por celebrares connosco, Mulheres deste país.

Graça Pires disse...

Não mudou nada ou quase nada, amigo...
O poema da Maria Teresa Horta é muito belo. Sou fã dela.
Um beijo.

lino disse...

Ainda há tanta coisa para fazer quanto a emancipação das mulheres e dos homens deste país. Por sinal tenho aqui à mão a Poesia Completa da Maria Teresa Horta.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Herético

Rendo-me a quem se recorda e exalta esta data.
Eu acho que, desde então, grandes passos foram dados relativamente à emancipação feminina.Só que houve retrocessos nos direitos e nas igualdades de oportunidades que atingiram ambos os sexos.Esses retrocessos é que fazem parecer que as conquistas das mulheres não foram tantas. Mas foram.

Abraço

Mar Arável disse...

Assino o teu gesto

com um abraço

São disse...

Infelizmente, a esmagadora maiotia dos homens e muitissimas mulheres ainda não percebeu isso...

Um bom final de semana, companheiro

luis lourenço disse...

Tudo excelente nesta tua postagem.
Bem hajas.

abraço

MagyMay disse...

Não mais que complementos, nós... homens e mulheres... inclusivé na libertação.

Beijo a celerar uma data... nossa

Anónimo disse...

Maria Tresa Horta... uma poetisa de quem já tenho lido aluns poemas.

Muito lindo este poema e a homenagem a uma data a celebrar!

Sempre!

Bom final de semana.

Beijo meu.

Maria

NUMEROLOGIA E PROSPERIDADE disse...

Olá, boa tarde.
Lindo momento de inspiração. parabéns.
Sou professora, pesquisadora e contadora de histórias.Vivo de blog em blog angariando leitores e tentando divulgar o meu pelo simples fato de perpetuar a história de meu país - tenho medo que ela seja engolida por toda essa globalização.
Se gostar de meu esdpaço e achar minha proposta coerente, por favor SIGA-ME nesta luta por um mundo melhor.
FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... está convidando para conhecer uma lenda bastante contemporânea - a do pássaro-cabeça-de-vento.
É só clicar no link http://www.silnunesprof.blogspot.com que você chega até lá rapidamente.
Gostaria que tivesse um pouquinho mais de paciência comigo, estou com alguns probleminhas para resolver: preciso de um novo exame de vista e de um monitor novo, o meu está meio embaçado, já tentei regular, mas o problema está com ele mesmo, tenho de comprar outro. E agora não me encontro em condições disso - só eu sei o sacrifício que faço para postar as histórias.
Se já passei por aqui, mil perdões. Como disse, a falta dos meus óculos e esse monitor com problemas não me deixam enxergar direito.
Que os bons ventos soprem a seu favor neste ano de 2010.
A PAZ .
Saudações Florestais !

A Lusitânia disse...

Parabéns pela lembrança e pelo poema. Até já.
Valerá conhecer bem o Alentejo para ver como essa realidade não se transformou!

bettips disse...

Longo é o caminho, amigo!
Das três Marias ficou impulso, em muitas de nós. Pequenas, anónimas, em casa, no trabalho, na política...assim nos vamos fazendo.
As homenagens impõem-se para que não SE ESQUEÇA! E fie e fie, o fuso da garganta em grito.

Orquestração de Hinos

  Polpa dos lábios. E a interdita palavra Freme… E se acolhe Em fervor mudo E sílaba-a-sílaba Se inaugura… Percurso De euf...