domingo, maio 23, 2010

Lá onde o coração bate...

Estamos aqui no centro
(Que as margens são mera circunstância...)
E sabemo-nos mais que desfiladeiro
Ou passagem secreta de cavalgadas
No turbilhão dos dias...

Gestos de cristal puro
E brilho solar de coisas tão banais
Que os homens as inscrevem talvez sem o saberem
Como meta no quotidiano de cinza...

Dizem-nos derrotados no licor dos elogios
Como se fossemos história passada apenas
Nossa força porém
Não tem destino à vista...

(Na vertigem da águia o abismo é alimento!)

E lá onde o coração bate e o fogo se atiça
Como forja de um tempo onde a palavra se faz arma
(E a lágrima poema) aí onde ombro com ombro
O suor das sementeiras e os cânticos se misturam
Desenha-se a centelha e a forma
No rosto da pedra hora a hora esculpida...

19 comentários:

Mel de Carvalho disse...

A sua poesia, caríssimo Herético, é, aliás como sobejamente já lhe dei nota aqui, de elevado quilate, fino corte, conjugando sempre o saber de quem e onde
"o coração bate e o fogo se atiça
Como forja de um tempo onde a palavra se faz arma": a sua veia política.

Um bem-haja pela generosa partilha
Abraço fraterno
Mel

jrd disse...

...e as palavras depuradas se despenham.
Sublime!
Um abraço

lino disse...

A palavra há-de sempre ser arma.
braço

Tinta Azul disse...

Que bela a "escultura" das tuas palavras.
Beijos

M. disse...

Um intervalo nos meus afazeres a permitir-me um pouco mais de tempo para visitar casas conhecidas onde, como nesta, a poesia se mistura bem com os textos a que chamarei de "reflexão cívica".

O Puma disse...

Ai das palavras

se não forem armas

com coração

Abraço poeta

maré disse...

e os abismos
que da inércia se vão cavando
es cavacando a centelha
que um dia foi sonho
sementeira de prodígios
hoje, na ausência do canto,
hora após hora
sevai perdendo.

_____ um enorme abraço

Márcia Maia disse...

Belíssimo poema! E essas margens que são mera circunstância são um verdadeiro achado.

Um beijo daqui, do meu lado do mar, onde o outono anda com ares de verão.;)

lis disse...

E o coração continua batendo por aqui também .Entre desfiladeiros rs
Maravilhoso poema.
Bom passar por aqui e voar como a águia em busca do alimento.
Obrigada, abraços abraços

Frioleiras disse...

um beijo querido herético..............................

(com td o meu coração...)

jawaa disse...

Mais um dos poemas que me fazem sentir feliz por haver pessoas como tu, que acreditam, como eu, que a
«Nossa força porém
Não tem destino à vista...»

Abraço

Anónimo disse...

a poesia é um abismo em que nos alimentamos, quais águias em voo célere. gostei muito, heretico. um grande beijinho.

Nilson Barcelli disse...

Excelente poema, uma espécie de "gesto de cristal puro" que delicia quem o lê.

Boa semana, abraço.

luis lourenço disse...

Uma verdadeira esculutura poética.
na sua grandeza granítica.Excelente.

abraço

© Maria Manuel disse...

um excelente poema!

abraço.

Marta disse...

gostei muito e vou levar um bocadinho :)

bjo

Virgínia do Carmo disse...

Talvez o "sabermo-nos" seja maior que ignorância dos outros...

(intensamente bonito)

Abraço

Licínia Quitério disse...

Lá onde bate o coração e se esculpe, hora a hora, a pedra.

É um poema emocionante, um poema em vertigem, como a águia...

Obrigada.

Beijo.

GS disse...

... é nesta tua 'faceta' que gosto de 'te' ler e tanto admiro!

Relembraste, em teus versos, 'áureos poetas'!

Um beijo

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...