Talvez neste horizonte breve o fio de água
Despenhando-se na memória. Como esta fraga.
Ave planando sobre a presa e o repentino som
Da pedra. Granito ardendo no íntimo silêncio.
Como pomos de fogo calcinados de azul...
Debruço-me. Talvez a água agora seja apenas
Mãos no gesto de bebê-la. E a ave esta rapina.
Nem voo, nem pássaro sagaz. Ausência ainda.
Pura. Gavião e pomba desenhados no corpo
Do desejo. E meus olhos bêbedos de lonjura.
O vento que agora afasta a cinza é o mesmo
Embora. E a litania é eco no coro deslizante
De meus passos. Não a vereda palmilhada.
Nem as vestes. Ou o sangue seco dos espinhos.
Apenas rumor de fogo na palavra celebrada.
Descalço e de bordão como antigos monges
Colho a folha do carvalho. E enfeito os dias
Porta a porta, caminheiro. E no portal de mim
Me acolho exausto. E mordo e rasgo. E clamo:
- “Casa em que me guardo. Terra quanta veja”...
7 comentários:
Caro Heretico
Passar por aqui e não assinar o ponto, pode não ser muito "cordial" mas que acrecentar à sua bela poesia que não seja estragar.
Abraço
Rodrigo
Abraço forte!
Edita!
Maravilhoso!
Beijinhos.
um belo poema este teu "Porta a porta, caminheiro..." que me transporta para o "é preciso avisar todo a gente..."
Um abraço.
Excelente.
Quanto talento em cada verso tu revelas...
Um abraço.
Nilson
Exausto escancaras os (a)braços.
Que grande Poema!
Abraço
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