quarta-feira, agosto 22, 2012

POSTAL DE FÉRIAS (DOIS)...


Lisa nos dedos cresce a forma e o seixo
Arestas libertas na geometria do verso
Fascínio de palavras tão incertas
Como a espera do gesto de colhê-las...
 
Agitam-se freixos em aragem rarefeita
Corpos em tocha sob gritos sustenidos
Corvos brancos em círculo nos sentidos
Limiar de sombra entre o verso e o seixo...
 
Fendem-se grutas. Argila - febre ainda!
(Já não seixo). E nas linhas modeladas
Explodem pedra e verso no cio estival da seiva
- Furor de potros sobre fêmeas!...
 
E na saliva das horas demoradas tomba
A sombra sobre os corpos e voam pássaros
No espasmo vulcânico dos dias...
 
Indolência de cigarra agora acesa. Nada corre.
Nem a brisa. Apenas o verso arde em seu delírio.
 
Crepitam corpos no cântico da tarde
E na memória perfumada...

 

 

 

 

 

 

8 comentários:

Mar Arável disse...

Belíssimo

porque tambem hoje não quiseste salvar o mundo

só ajudar

lis disse...

Oi heretico
Seu poema reflete observações poéticas e literárias que desorganizam minha imaginação e fico a me perguntar_ como contemplar o invisível?
bom seria...
quando o 'verso arde em delírio' faço como poeta _'agarro-me aos braços quentes da realidade'e usufruo do acalanto que seu poema trás.
te mando abraços declaro toda admiração e desejo que as férias continuem a resultar em postais perfumados.

lino disse...

Uma maravilha!
Abraço

jawaa disse...


Ferias produtivas, eu diria.
Bom para nós que temos direito a postais assim!
Obrigada.

Hanaé Pais disse...

Gostei do furor dos potros sobre as fêmeas.
Muito original!

Virgínia do Carmo disse...

Apenas o verso, e, como diria um poeta que ambos conhecemos bem, já é tanto.

Um abraço.

GP disse...

Soube-me bem. Gostei.

Abraço

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

muito belo, com uma certa sensualidade nas palavras.

beijo

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...