sexta-feira, outubro 19, 2012

É NECESSÁRIO FENDER AS COISAS...


 
É necessário fender as coisas para lhes captar
A rebeldia da voz em que se incendeiam

E o enunciado delas...
 
A palavra é uma arqueologia de dias sobrepostos.
Fissuras por onde escorre limalha quente
E o fulgor da sarça.
 
Vento nocturno talvez em devir de inocência.
Ardendo. Ou a persistência do calcário gota a gota
Em sinfonia de pedra.
 
Inorgânicas catedrais...

Ecos evanescentes que se enunciam. Rio subterrâneo
Em agitação e presságio. Ou talvez subtil ranger de luz
Abrindo-se ao milagre.

Que a palavra seja!...

E o grito das coisas seja colapso dos impérios.
E o poema expluda. E a palavra seja ígnea.

E o dia seja claro...

 

 

10 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...



E o grito das coisas seja colapso dos impérios.

Que a palavra seja!...

E o dia seja...

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

e todos nós sabemos a força da palavra.

belo trabalho!

um bom fim de semana.

um beij

jrd disse...

É necessário que a poesia rasgue o dia.
Abraco

lino disse...

A palavra e as gentes!
Abraço

Paulo disse...

Há palavras, ditas de outra maneira, que nos turvam o «olhar»...
abraço

Paulo

António Gallobar - Ensaios Poéticos disse...

Excelente trabalho, muitos parabens

Mar Arável disse...

Excelente

as tuas palavras trabalhadas

subtis a rangerem de luz

Abraço poeta amigo

C Valente disse...

Ou vai ou racha, pois só o grito já não é suficiente
Saudações amigas

lis disse...

Fiquemos agitados o quanto quisermos,só não podemos desfalecer.
Dizem que quando os deuses querem punir eles respondem as nossas preces.
Seu poema me tomou inteira heretico,
tanto quanto o de Eugênio de Andrade:
" Barcos ou não
ardem na tarde.
No ardor do verão
todo o rumor é ave.
Voa coração.
Ou então arde."
Parabéns,
reafirmo minha admiração e carinho

M. disse...

"E o dia seja claro". Assim se deseja.

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...