Sob a dominância
dos escombros e dos dias gelados
Tacteiam os
dedos a fina película dos murosEm que a metamorfose da cal se desvanece
Como palavras gastas ou fomes caladas
Sem reverso...
Somos esta profusão de sombras por onde sobem
Como larvas tecendo o casulo e a teia nossas dores
Na amargura dos dias e no degredo das paisagens
Clarins sorvendo a alvura do silêncio
E sem nada mais restar que o sopro
E a inversão meteórica das vozes em polifónicos
Cânticos calcinados...
Nada sugere outra luz ou outra vibração
Que não seja o lusco-fusco e a palidez dos dias saturninos
Ou auroras de frio...
E no entanto o grito sufocado dos dedos
E os lábios gretados balbuciam inesperadas correntes
E águas soltas e margens extravasando percursos
Percorridos.
Subtis incandescências no topo das montanhas
Ou o delírio de pássaros
A balancear o voo...
11 comentários:
Fez-se poesia! Gostei!
Beijinho
Belíssimo poema!
Um abraço
Muito linda esta poesia,gostei bastante. Um belo mês de dezembro para ti,fica com deus e bom fim-de-semana!! Beijinhos fofinhos!!
E no entanto, descobres a luz -ainda ténue- que rompe os tempos de chumbo.
Um poema belíssimo.
Abraço Amigo
Apreciei o post de cima, mas prefiro comentar aqui, nestas, belíssimas «auroras de frio»...
bj
Em cada verso, um verso que, por mera incapacidade, eu nunca escrevi.
Lídia
e talvez, quiçá, um dia as auroras sejam de fogo...
muito bom como sempre.
boa semana.
beijo
:)
"Como palavras gastas ou fomes caladas
Sem reverso..."
Esta imagem ficou-me a serpentear na mente. Gostei deste espaço, vou segui-lo.
Abraço
Nostálgico, contundente, lindo...
Beijos, heretico!
são muitos os que sofrem...
E hoje que tanto queria escrever
me faltam as palavras para a beleza profundo do poema que nos apresenta!
Bravo, amigo e Parabéns!
Lindo demais,
se é possível a beleza ser classificada de mais ou de menos
e me parece que não é!...
Abraço,
Maria Luísa
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