sábado, fevereiro 08, 2014

SONHO DE SONHO...



Declina este silêncio a voz da tarde
Que sobre o Tejo embala caravelas.
Guindastes frios chorando primaveras
Aventuras em farrapos pelo molhe...

Cravo e canela. Era outrora miragem
Do sangue o que hoje é azul perdido.
Não era glória: era apenas o sentido
De partir sem receio da ancoragem...

Não mais bandeiras em flor à janela
Nem olhares cativos em cada espera
Do marinheiro em louros celebrado...

Ó Pátria minha, agora! Mimética altivez
Do tempo prisioneiro no deserto de Fez:
Sonho de sonho, ora perdido, ora achado...

Manuel Veiga

 

12 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Pobre destino o nosso!
Estamos sempre de partida mas agora não é por querermos!

Mar Arável disse...

Como sabes

tudo se move
até o vento

Abraço sempre

Rogério G.V. Pereira disse...

A sétima onda
é que é de arromba

Sonho de sonho
Sonho sonhado

jrd disse...

O sonho vai e vem. Só os muros em volta não se movem.

Abraço fraterno

Lídia Borges disse...


Ainda o cheiro antigo da maresia me inebria e já, perdido o sonho, me afundo...

Lídia

Ana Tapadas disse...

Como eu sinto este poema...

Um belo reflexo de uma realidade ignóbil.

Bjs

lino disse...

Sonhemos, enquanto sonhar não paga impostos!
Abraço

Maria João Brito de Sousa disse...

Como não reconhecer o naufrágio de um sonho? E como dizer que alguma coisa, no mais fundo de mim, se recusa a aceitá-lo?


Abraço!

bettips disse...

"Cravo e canela" fomos, em desertos e embarcadouros fizemos impossíveis. Fomos por aí e vamos por aqui.
Haveremos de achar.
Abç

lis disse...

A desesperança não pode matar nossos sonhos _queremos mais 'flores à janela e olhares cativos a espera...'por favor!
abraço grande Manuel Veiga

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

fomos marinheiros de mares e conquistas.

fomos marinheiros e ainda somos, nem que seja de palavras e sonhos.

e o Tejo ali tão perto...

:)

Mel de Carvalho disse...

uma poesia única e singular a sua, caríssimo Herético, há muito a merecer registo em suporte papel.

gratíssima pela partilha
abraço fraterno

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...