segunda-feira, setembro 29, 2014

PRODIGIOSO DIA...


Encobre-se o poeta em seu nome
E assim emboscado
Recolhe a graça
E se faz Mar
E barco...

E se unge
E se alcança
Marinheiro...

Torna-viagem de si próprio arde.
E na amurada do sonho funde as rotas
E todos os mapas. E em todas as praias
Aporta. Peregrino...

Em cada enseada se derrama.
E em todas as ilhas cativo.

E é mastro altaneiro. E gávea.
E é o alvoroço inaugural das ondas.
E o corpo em flor de Nereide.
E o canto enfeitiçado...

Tece agora em seu diário
A ortografia da viagem. E o assombro.
E a vertigem.

E em registo cifrado
Tabelião de desacertos
Resguarda-se.

E desdizendo-se se faz rota.
E do sangue incendiado
Se faz Grito.

É companheiro das brumas
E Argonauta de todas as demandas.

E de todas as âncoras
O prodigioso dia!...


Manuel Veiga





9 comentários:

Graça Sampaio disse...

Muito bonito! País de marinheiros, de argonautas, de descobridores, de prestigiditadores da palavra!

Muito bonito, mesmo!

Graça Pires disse...

Um poema tão belo que comove...
Um beijo, meu amigo.

Mar Arável disse...

Há tipos assim

a fingir de palavras
altaneiras

Bela a tua escarpa
Abraço poeta

Helena disse...

Ser Mar na sua grandiosidade, ser barco a enfrentar travessias,
ser Grito a desbravar os versos nas ondas da poesia...
Sorrisos, estrelas, sempre,
Helena

MARILENE disse...

Quando leio versos que me encantam e cujo autor me é desconhecido, pesquiso (rss). Seus poemas não poderiam ficar sem exposição e ao vê-lo, em uma das páginas em que estive, levantando o livro, pude imaginar seu prazer. Mas esse contentamento, por certo, penetra com maior força nos olhos e no sentir de quem saboreia escritos assim, que merecem aplausos. Abraço.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Poeta, marinheiro de palavras ternas....

muito belo!

:)

George Sand disse...

Marinheiros, da própria viagem.

Ana Tapadas disse...

Argonauta das palavras. Lindo.

bjs

jrd disse...

Na crista da onda o Poeta navega o.poema altaneiro.

Abraço meu irmão

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