sexta-feira, janeiro 23, 2015

QUE A PALAVRA SEJA INÓSPITA...


Talvez o caos seja apenas a rosácea
Antes do fogo que os dedos tecem no cinzel
E a pedra seja absurda permanência da forma
Em si fechada...

Talvez a poalha do tempo fecunde novas cidades
E as ínfimas coisas se ordenem e expludam
Como corolas em delírios de cristal...

Talvez a vontade dos homens seja excesso
E rasgue as veias das galáxias
E o surdo rugir do mundo inunde a consciência
Dos escravos...

Talvez a Palavra seja inóspita
E os hinos sejam a derrocada das muralhas...


Manuel Veiga – in “Poemas Cativos”

8 comentários:

Shirley Brunelli disse...

Nem mesmo o surdo rugir do mundo, consegue rasgar as veias das galáxias e inundar as cegas consciências...
Poema BELÍSSIMO, heretico!
Beijo, Manuel!

Shirley Brunelli disse...

Nem mesmo o surdo rugir do mundo, consegue rasgar as veias das galáxias e inundar as cegas consciências...
Poema BELÍSSIMO, heretico!
Beijo, Manuel!

Graça Pires disse...

A palavra nunca será inóspita se dentro dela estiver um Poeta solidário e fraterno.
O poema é excelente, meu amigo.
Um beijo.

Majo disse...

~
~ ~ ~ ~ Concordo!

~ ~ "Que a palavra seja inóspita" e que

"os hinos sejam a derrocada das muralhas"

e dos muros ultrajantes à humanidade!

~ ~ ~ Bom fim de semana, Manuel. ~ ~ ~
.

Lídia Borges disse...


"Talvez a vontade dos homens seja excesso
E rasgue as veias das galáxias
E o surdo rugir do mundo inunde a consciência
Dos escravos..."

Talvez. Mas há tantos homens sem consciência da própria (des)vontade.

Bj.

Lídia

vendedor de ilusão disse...

Até onde li, achei, a exemplo desta, tuas criações de lirismo elogiável...
Gostei por demais, tanto que salvei teu blog entre os meus favoritos.
Abraço.

Rogério G.V. Pereira disse...

palavras-faca

construindo
um novo hino

Andrea Liette disse...

Um poema que eleva-me
à essência das Rosas.

E sim, havemos de cantar
a derrocada das muralhas.

Abraços.

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