O grito preso na
garganta
E a criança nos
braços. Morta. Como lâmina.
Marés de ódio e
lama...
E o grande
Espectáculo.
E a Miséria. E a
Guerra. E seu mortífero Esplendor.
E a banalização
da Tragédia
A escorrer da
Pantalha.
E a indignada
revolta. Assumida.
E o Horror até à
Náusea. E o suspiro desmaiado.
E as asas do
esquecimento. Breve que venha.
Pois incomoda.
Tanto. A ferida que não sara ...
Do Extermínio
que ora se incendeia
Não o Crime, nem
Castigo que seja.
Apenas medida.
Doseada. Desta Justiça fingida.
E dos falsários
desta Hora. Amarga.
As vítimas são
lepra. E os carrascos
Mão que
embala...
Como libertar
este cerco? E esta raiva?
E soltar este
grito? Que de tão vivo emudece
E de tão urgente
se rasga...
Manuel Veiga
POEMAS CATIVOS II - a publicar
10 comentários:
Como não me encantar com seus versos???? Esse grito está preso na garganta de muitos. E a realidade nos faz pensar que não haverá fim para essa dor. Abraço.
... e assim pelos vistos da tabanca não sairemos
Abraço amigo
Belo e no fio de prumo!
Beijo meu
Perfeitamente essa mente e coração, Poeta.
Pois que gritemos então!
forte e intenso.
necessário e actual (as palavras)
beijo
:)
"Como libertar este cerco? E esta raiva?
E soltar este grito? Que de tão vivo emudece
E de tão urgente se rasga..."
Junto a minha voz à tua meu querido amigo, nesta hora em que as malhas da revolta nos envolvem.
Excelente, o poema.
Um beijo.
Um grito preso nas gargantas de todos nós, querido herético!!
Sempre muito bom!
Beijos
Muito emocionada, te digo:
Este teu grito preso na garganta, poeta?
De aparência muda, cresceu na função de porta-voz
da indignação sobre o flagelo humano que são os carrascos
com a perversidade exercida e a desumanização na carne
crua da opressão e os podres poderes da desigualdade.
"As vítimas são lepra. E os carrascos
Mão que embala..."
"E de tão urgente se rasga" a sensibilidade à flor da pele
em relação a um mundo que nos apavora...
A estranha (paralisante) frieza do homem que
desconhece a sua raça humana...
Muito grata com este teu magistral (único) poema,
o meu grito deixou de ser mudo e grita alto!
Beijo grato.
Grita camarada grita
eu bem de oiço na minha escarpa
Abraço amigo
Por vezes o horror chega a emudecer o grito.
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