quarta-feira, setembro 30, 2015

O Tempo é Malho e Forja...


Solta-se a cratera e os afectos
Desenham indeléveis traços. Breves esquissos
Moldando os rostos. Resolutos...

Bêbados os olhos das crianças
Que não sabem ainda. O dia claro.

E os pais caudal imenso. Rio que desatam.
Comportas abertas em peito uníssono.
Gargantas que o sonho embarga
No aluvião sem margens. De seus passos.

O tempo é malho e forja. E o balançar de barcos
Fundeados sobre o Tejo. E os diversos ritmos. Cruzados.
E a viagem que teima. Caravelas.

E fio dos dias...

E os pulsos abertos.
E pão que dói. E a ferida azada. Procelas.
E o sal que salga. E a mágoa...

E as vozes que libertas não se calam.
E os homens que resistem...

Manuel Veiga

13 comentários:

Fê blue bird disse...

O que seria de nós sem esses homens e essas caravelas.

Um momento mágico,obrigada.

Beijinho

Graça Sampaio disse...

E assim vamos resistindo...

Que força, herético!

Helena disse...

De tudo, me prende
"E as vozes que libertas não se calam.
E os homens que resistem..."
Perfeito!
Um afetuoso beijo,
Helena

Teresa Durães disse...

Lindo poema!

Lídia Borges disse...


A palavra perdura. É a mais segura embarcação a que recorro.
Obrigada pelas suas. Têm remos ou asas...

Lídia

Graça Pires disse...

A viagem que teima. Os homens que resistem. Sente-se, nas palavras, o punhal do tempo, o ritmo dos dias, a vida a pulsar na efemeridade da vida.
Que belo poema, meu Amigo Poeta!
Um beijo.

Mar Arável disse...

Quando te sentas à mesa das palavras sibilinas
o rio fica mais azul
ouve-se claro
a voz dos homens que resistem

Abraço fraterno

Majo disse...

~~~
~~~~ Resistamos Poeta!

~ Ainda que o tempo impiedoso
~~continue a malhar e a forjar...

~~~ Beijo. ~~~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~

Suzete Brainer disse...

Este poema registra o teu olhar, de tão belo:
captura a vida, as pessoas, o movimento das palavras
regadas do teu sentir, pleno de uma humanidade comovente.
"Bêbados os olhos das crianças
Que não sabem ainda.O
dia claro."
O teu olhar Poeta, tem um tempo,
no qual os instantes correm o Rio-Poesia...
Adoro este teu olhar!
beijo.

Jorge Castro (OrCa) disse...

Desculpa, amigo, a minha falta de tempo para apreciação mais densa. Cá deixo a sacramental frase: gosto disto!

Agostinho disse...

Heróico herético poeta lança,
lança o fogo à forja e
a raiva e o sal derramado...

Não resisti ao vir aqui.


Abraço

Janita disse...

E é no lento desfiar dos dias, onde o tempo é malho e forja, que se molda a tempera dos homens com garra!
Os guerreiros libertam a voz e resistem sempre!
Que siga a viagem, Mestre!...

Beijinhos! :)

Ana Tapadas disse...

Difícil é o tempo...mas é bom, poeta, saber que ainda há homens que resistem!

Beijo

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