sábado, novembro 21, 2015

O ROSTO DOS DIAS LACRADOS...


Desato o rosto dos dias lacrados
E amanuense de horas ardidas, recolho uma a uma,
As folhas secas. E as pétalas.

E, náufrago, esbracejo.
E comovido rio de margens soltas
Reaprendo que nada é definitivo
Apenas a corrente que nos leva sem destino.

Certo, certo apenas o amor (tardio que seja)
Que ódios são apenas carência de afectos
E emocional peste.

Talvez um dia, numa Primavera qualquer
A sagração do nome seja inscrição da palavra
E o fogo, alimento dos homens.

E os desertos sejam oceanos a percorrer
As veredas do Mundo. Fecundos.

E meus olhos jardim em que me guardo.

Manuel Veiga



15 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

reaprendendo sempre!

poema lúcido e no entanto rico de desassossego.

e um dia as marés serão fogo nas mãos do Poeta.

muito bom Manel!

bom fim de semana.

beijo

:)

Suzete Brainer disse...

A começar pelo título:
a beleza poética pousada,
"O rosto dos dias Lacrados..."
A sábia entrega aos oceanos mais
profundos dos afetos, a vida na
palavra que navega pela imprescindível
beleza de uma poética invulgar,
regida na mestria do poeta que se
aprofunda na sua bela invisibilidade:
"E meus olhos jardim em que me guardo."
Este fica no espaço dos meus olhos em
que guardo os poemas mais belos lidos...
Adorei, poeta amigo!!
beijo.

Gisa disse...

Jardim fértil...
Um bj querido amigo

tulipa disse...



A VIDA, A DISPOSIÇÃO,
O DESALENTO DEIXA-NOS APÁTICAS

E POR VEZES
LONGE das visitas aos blogues dos amigos/as

...apesar de tudo a vida continua
e a nossa paz de consciência chega para nos sossegar.

Sobre o post...
AFECTOS
...folhas secas, pétalas

Beleza de sentimentos.

Um abracinho meu, bem forte

Sabe que dia é Hoje?
Um "Olá" como forma de promover a paz?
Sim, é esta a verdadeira história por detrás do dia 21 de novembro,
data em que se assina-la o Dia Mundial do Olá.

Bom fim semana. Tulipa

AC disse...

Essa alma, de tão fecunda, tende a perpetuar-se...

Forte abraço

jrd disse...

Belíssimo! Para ler com Stravinsky em fundo.

Abraço meu irmão poeta

Mar Arável disse...

Talvez um dia as palavras em carne viva

Abraço poeta amigo

Lídia Borges disse...


Escreveria este, não fosse o Manuel já o ter feito.

Bj.

Lídia

Rogério G.V. Pereira disse...

«Talvez um dia, numa Primavera qualquer»
Talvez na próxima, talvez

Marta Vinhais disse...

Talvez seja na Primavera; mas pode ser agora num dia de Inverno...
Se escreva tudo na chuva para que o brilho seja mais poderoso num dia de Verão...
Que assim seja...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Palavras soltas disse...

Que nunca nos falte a esperança por dias melhores.

Belo, querido.

Beijinho.

Majo disse...

~~~
Que os seus olhos
se tornem seu jardim protetor.
porque esta poesia
já o é. Vivíssimo e exuberante...

~~ Beijo, talentoso Poeta. ~~
~ ~ ~ ~ ~

Fê blue bird disse...

Que bonito esse olhar de esperança e afecto.

Um beijinho e boa semana~Fê

Laura Santos disse...

Talvez um dia as palavras dos grandes poetas consigam
retirar o lacre dos dias. E os desertos se tornem oceanos.
Muito belo o seu poema! Gostei muito.
E obrigada pela sua visita.
xx

Agostinho disse...

Este poema é tremendo a revelar um talento liberto (de peias), um estilo com "marca registada" que merece ser "fogo, alimento de homens". Da minha parte posso garanti-lo, amigo Manuel: é.

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