domingo, abril 10, 2016

"FEVER..."

Furtivo bailado na canícula
Como se fora aquele ostensivo seio
Retesado. Porém suspenso
Como figo na boca
Que há-de colhê-lo...

Ou ardência Verão
Na pele
A acicatar
O lume...

E o cume...

E o corpo distendido fosse
Apenas a passagem.
Ou vórtice
A desenhar
O vértice
De fogo
Assim
Explícito...

(Língua e palato
Ainda...)

Ou a breve brisa a soletrar
A inocência. E a graça do nome
No azul pagão
Da tarde...

Ou quimera de areia...
Ou uma miragem calcinada...

Ou fantasia de poeta
A surfar a onda em que incauto
Se despenha...

“FEVER”!...


Manuel Veiga

"Do Esplendor das Coisas Possíveis" - Poetica Edições - Lisboa

5 comentários:

AC disse...

E o poeta, sedento de vida, constrói um belo poema...
Muito bom, meu amigo!

Abraço

Suzete Brainer disse...

Começar pelo vídeo com a música divina,
a voz dela é um sonho, adorei (escutei várias vezes...)rss

Que bom gosto e tão bem escolhida para este teu Poema
soberbo, deslumbrante e fascinaste numa sensualidade
esplendorosa:
"Furtivo bailado na canícula
Como se fora aquele ostensivo seio
Retesado. Porém suspenso
Como figo na boca
Que há-de colhê-lo..."

Um belo "azul pagão da tarde" inscrito em Poema!...

Este teu livro deve ser "um esplendor das coisas
possíveis" numa Poesia Maior, Poeta!!

Rogério G.V. Pereira disse...

Todos os poetas
e os que
o não sendo
também vão fervendo

na ardência da Primavera
no "...esplendor das coisas possíveis"

Majo disse...

~ ~ ~
~~~ Belíssimo, Poeta!

Toda a pujança primaveril a manifestar-se

numa expressão poética de deslumbrante sensualidade.

~~~ Beijo amigo. ~~~
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

Agostinho disse...

Figo de mel, o poema,
escorre doce da pena.

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...