terça-feira, abril 19, 2016

"NAVEGO CANELA E MARFIM..".







Navego canela e marfim
E em meu sal marinheiro...

Solto os mares.
Que porto abandonado é fogo ardido...

Corsário de um corpo indefinido
Em cada remo me fundeio. A bruma é lua.
E o rosto indefinido vaga cheia...

Cartografia dos sentidos
Rebentando as veias...

Não mais bandeiras. Outras.
Apenas o convés engalanado
E o mastro altivo...

Tão grávida de Índias
Minha galera de glórias passageiras...

Manuel Veiga

"Do Esplendor das Coisas Possíveis" - pág 89
Poética Edições - Lisboa


14 comentários:

José Carlos Sant Anna disse...

Caro Manuel,

Poderia dizer-lhe que é pura intuição o desejo, a vontade, o impulso pelo "Esplendor das Coisas Possíveis", mas não estaria dizendo a verdade.
A leitura dos seus poemas, do seu texto, neste espaço, me fez compreender desde o primeiro momento que à sombra do seu bailado com as palavras nascia sempre um poema acabado. Daí o interesse...
Mas não se preocupe que vou-me refugiando nos poemas dados ao lume aqui, na tua casa, e sempre ando por aqui.
É sempre dádiva a poesia que rola à sombra do teus voos.
E não preciso alongar-me mais porque já "navego canela e marfim" pelos "soltos mares", distanciando-me do "porto abandonado".
Abraços, meu caro Manuel!

luisa disse...

E eu, em volta de palavras e aromas, por aqui circum-navego. :)

Graça Sampaio disse...

Ui, que lindo!!! Sempre a palavra certa no lugar exato. Muito bom!

Beijo, Poeta!

Rogério G.V. Pereira disse...

Não por acaso
este foi um poema
que dei por mim
a lê-lo alto

Laura Santos disse...

Abandonar o porto é rejeitar a viagem. E mesmo que sem rumo certo e a eventual glória seja passageira, o importante é zarpar.
Gostei muito do poema e seus aromas, e do Fausto também.
xx

Suzete Brainer disse...

Um belo Poema que exalta a volatilidade das emoções
em mares por dentro...

O Poeta se confessa marinheiro nos seus portos de sentires,
mas dar uma dica:
"Navego canela e marfim"
Viaja entre o aroma efervescente de sentires para toda a vida!...

A impulsividade à busca, com a pulsão de vida, nesta vida
em viagem passageira.

A tua poética é uma bela e inesquecível viagem por dentro, sempre!
Bj.

Mar Arável disse...

Nos mastros mais altos

as nossas bandeiras

Abraço sempre

Fê blue bird disse...

Li, reli e senti este cheiro a maresia.

Um beijinho

Diana Fonseca disse...

Uma viagem agradável, imagino.

Majo disse...

~~~
Belíssimo, Poeta!

Beijo amigo.
~ ~ ~ ~ ~ ~

jrd disse...

Na crista da onda, o sal e a espuma do poema.
Abraço meu irmão poeta

AC disse...

Poema da condição humana, em cenário que nos continua a fascinar.
É um prazer lê-lo, meu amigo.

Abraço

Armando Sena disse...

Naveguemos pelos mares da ousadia onde as palavras se tornem bússola da liberdade.
ab

Agostinho disse...

Belíssimo leme fortíssima remada, MV.

E se mentes?
- Minto!
Então sobe à gávea e espalha,
espalha por estes mares (ainda)
sementes. Se mentes
em Maio florirão.

Abraço

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