sexta-feira, maio 20, 2016

DOIS CORPOS NUS, DESPINDO-SE - Pura Salceda / Casimiro de Brito



Pó de estrelas
Universos nas mans
Na palabra queimando
Nun substantivo único
Que fala de ti
Só de ti

Escoito a noite
Que me fala noutra voz antiga
Coróame de rosas, murmura Ricardo Reis
E somos entregándonos
Eternos pétalos de lume...

Pura Salceda



O amor é uma nuvem alta
Uma sombra que se deita
Na relva do coração. Um coração
Que freme: um lume
Uma desordem sensível
Que alimenta os anjos ofegantes
Do corpo.

Contigo me desfaço
E canto e bebo e ardo e brilho
Na tua pele, nas tuas árvores
Interiores e nas cicatrizes
Que se elevam
Quando nos amamos e ao chão
Trepamos.

Casimiro de Brito


Casimiro de Brito/Pura Salceda
"Dois corpos nus, despindo-se" - Poética Edições - pág. 42/43
Lisboa - Maio 2016



Uma breve ausência, breve, breve...
M.V.

7 comentários:

Agostinho disse...

Engenhosa expressão de dar livre curso ao amor inventada e escrita a duas mãos. Como sempre e, aqui, sobretudo.

Abraço

Jaime Portela disse...

Dois magníficos poemas.
Nem sei de qual gostei mais. Talvez dos dois...
Bom fim de semana, caro amigo.
Abraço.

José Carlos Sant Anna disse...

E os corpos a desvelarem no chão sem mistérios os mistérios dos próprios corpos o amor que na carne gera.
E sigo tirando o chapéu para receber este sol.
Abraços,

Rogério G.V. Pereira disse...

Sempre
num registo
à frente

é bom seguir-te

Ana Tapadas disse...

A poesia de Casimiro de Brito bem como a sua pintura são muito boas!

Beijo

Graça Pires disse...

Dois poemas em diálogo. Muito bons.
Um beijo, meu amigo.

Suzete Brainer disse...

O título é um poema encantador!...

A belíssima poética dos dois numa
singularidade (no tom sensual ivulgar)
e originalidade preciosas!!

Preciosa partilha, Poeta!

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...