domingo, junho 19, 2016

FIOS DA AUSÊNCIA...






De novo a montanha e o gosto íngreme.
E o arfar do peito na gesta de colhê-la. Íntima.
Em veredas de vento. E ervas. Por vezes daninhas.
Que nem sempre o verbo amar se declina
Em harmónicas litanias...

A paisagem porém é mar. Braços derramados
No horizonte que cega. E os olhos barcos.
Alados. Na transfiguração dos cumes.
Que voam. E as cores agora
São a vertigem dos dias.

O poeta é ave em seu voo planado.
Argonauta de uma rota traçada
Em alvoroço. A fender o espaço.
Aberto. Como destino.
E o eterno grito
Desamparado
A rolar
No eco...

E do outro lado da paisagem
Onde o milagre reina
Como ilha plana
Os fios da ausência
A macerar a hora
E a dedilhar
A espera.

Manuel Veiga

9 comentários:

José Carlos Sant Anna disse...

E assim o poeta vai escalando o vento e dedilhando a espera.
E o poema não deixa que fique nada pelo caminho. Belo poema!

mixtu disse...

o fio de Ariana...
de ausência...

poesia...

Graça Pires disse...

A montanha. O mar. O tempo do poeta que voa por dentro dos sonhos e soletra os litorais do fogo...
Um beijo, meu Amigo.

Majo Dutra disse...

~~~
Os teus poemas são tão belos, como as tuas montanhas
que tão bem homenageaste.
~~~ Beijo, Poeta amigo ~~~
~~~~~~~~~~

Fê blue bird disse...

Um poeta pode voar por todas as paisagens.

Um poema também !

beijinho

Suzete Brainer disse...

Um poema desenhado nos fios de sentires,
que a ausência se faz paisagem em voo,
em espera das horas na escalada da montanha
dos dias, que por dentro se vestem em vertigem
do Poeta-pássaro!...

Tu és um poeta que nos leva ao voo do encanto
com as palavras que semeiam beleza
e libertação transfigurada.

Parabéns pelo o poema, Poeta Amigo!
beijo.

Agostinho disse...

O poeta esboça,
no esquisso da vertente
(virada ao mar),
a felicidade da escalada.
Na (a)ventura do mergulho,
em apneia,
o olhar dilata-se
no dorso dos corais.

Tactear a textura do poema é bom.
Abraço.

Graça Alves disse...

Senti-me a voar...
Belíssimo!
Abraço

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

sim
um poeta pode ser ave e voar por lugares que nem sonhamos
muito belo!
:)

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