quinta-feira, agosto 04, 2016

DESDOBRA-SE O POEMA...


Desdobra-se o poema em seu itinerário de luz
Antes de explodir
E na branca claridade dispersa
Depois sopro
Advinha-se a poeira dos dias
Côncavos
 
Inerte
Em bruxuleantes acenos
Como se a distância
Fosse apenas o toque
Dos dedos ou o gesto suplementar do voo
Ou as palavras seta…
 
Desdobra-se o poema
E em seu destino volátil e alado
Devolve-se à carne dos dias
E retoma cativo
A matriz de água e o grito
Latejante no peito arfante
Do poeta...

Manuel Veiga

“Poemas Cativos” pag. 17 – “Poética Editora”
Lisboa 2014

 




5 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Há emoções diferentes
entre a leitura deste
e o da tua página dezassete

mas percebo
que voltará ainda a ser diferente
se depois o voltar a ler

Majo Dutra disse...

Belíssimo este teu poema cativo!
Leio a emoção da entrega e despedida da obra,
porém, uma obra de arte com esta sensibilidade
jamais ficará perdida na cinza «poeira dos dias»
Brilhará perpetuamente...
Beijo, Poeta amigo.
~~~~~~~~~~~

José Carlos Sant Anna disse...

Nada se perde ainda que se desdobre. E se desdobra para que conheçamos o caminho das palavras no processo de criação, no preenchimento da página em branco. Quem se torna cativo é leitor com a beleza do poema!
Forte abraço,

jrd disse...

Desdobra-se o poema na sensibilidade e no talento que se soltam do poeta.
Abraço meu irmão Poeta

lis disse...

Ah se as distâncias fosse apenas o toque/dos dedos ou o gesto do voo/ou palavras seta...'
'não ameis a distância, não ameis ,não ameis...'
é o recado de Rubem Alves.
grande abraço à distância _entre oceanos.

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