domingo, dezembro 18, 2016

DULCÍSSIMA A HORA...


Derrama-se o canto sobre a mesa alva.
E a noite fria. Agora é este lume na estrela
De teus dedos murmurados. E a frágil linha
De teus cabelos brancos escorridos...

Meu rosto são teus olhos...
Arfar do peito meu. Dobro-me nesta miragem
No esconso tempo. E desprendo em teu regaço
Lírios de outrora. E componho o musgo e a hera.
O menino sou eu.

E a lágrima é tua lá no Céu.
Dulcíssima a Hora...

Ilumina-se o esplendor dos anjos em redor.
Meu vagido, teu seio. E este milagre de ti.
Não há incenso, bem sei. Apenas a Mulher parida
E o filho incréu. De joelhos entoando tua bênção:

"Gloria in excelsis Deo!”

Manuel Veiga
in “Do Esplendor das Coisas Possíveis” – pág.45
Poética Edições – Lisboa – Abril 2016
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Até breve! Beijos e Abraços

Votos de Boas Festas!



11 comentários:

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Que belo poema, amigo!
Nele há a poesia pura
De beleza e de doçura
Que encontrar eu consigo

Absorver e comigo
Levar na alma em candura
Como uma bela figura
De algum prazer mais antigo

De minha infância, talvez
Como um sonho português
Que no Brasil foi sonhado

Por um infante que fez
Jura de amor certa vez
Por Amália e por seu fado.

Grande abraço. Laerte.

Odete Ferreira disse...

"O menino sou eu" - comove-me a tua excelsa escrita, sobretudo este poema. Penso que consigo acompanhar o alcance das tuas palavras, como se fizesse parte desta tua "Hora".
Bjo, Manuel
Boas Festas :)

Majo Dutra disse...

Excelente texto poético, Herético!
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LuísM Castanheira disse...

...como todos os meninos
de mãe parida
e em benção merecida.
os céus devem estar felizes
"Dulcíssima a Hora..."
um texto poético sobre a natalidade de todos nós.
gostei muito deste "milagre".
boas festas.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Caro Manuel, gostei muito do seu poema. É um belo poema. Parabéns também por Milton Nascimento e Bach. Aproveito para deixar ao amigo os meus melhores votos de um Feliz Natal e um ano de 2017 com muitas realizações, e saúde, votos extensivos aos teus familiares.
Grande abraço. Pedro.

luisa disse...

É doce a hora deste hino ao Natal.
Boas Festas, caro Manuel.

alfacinha disse...

Entre Sinatra e Bach há um mundo de diferença. No entanto ambos declaram duma dulcíssima beleza .Entretanto Li um poema belo neste blogue que vala a pena para visitar.
Abraço

Tais Luso de Carvalho disse...

E a lágrima é tua lá no Céu.
Dulcíssima a Hora...


Belíssima a doce hora!
Há trechos ímpares nesse poema, Manuel.
Vídeos lindos, o anterior do Frank é sempre belo.
Um beijo, amigo, reitero meus votos de um Feliz Natal a você e sua família!

Graça Pires disse...

Maravilhoso o poema que não me canso de ler.
Um beijo, meu Amigo.

Graça Alves disse...

Muito bonito, como sempre!
Boas festas
Bj

Agostinho disse...

Um retrato perfeito da condição do ser nado e de sua mãe quando se faz o milagre mais autêntico da vida.
Uma poesia adorável de natal.
Abraço.

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