segunda-feira, dezembro 05, 2016

"Este nosso Tempo - Semeemos!..."


Somos o sonho milenar das Pátrias e a Promessa
Que habita o sangue dos escravos e escalda
A mente dos poetas.

E em cada gesto nosso uma flor indecifrada
Que se levanta e se estende generosa
Prenhe de vontade
E gloriosa
Em seu jeito
De florir.

Nada além de cada Aurora
E os fios que nos atam
Frutos em espera
Como gomos
Em boca
Ávida.

Sabemos que o pão que amassamos
Nunca será mesa em nos que sentemos
E no entanto dizemos:
“Este é o nosso Tempo,
Semeemos”!

Manuel Veiga



6 comentários:

jrd disse...

O Tempo que haveremos de legar aos vindouros.
Grande abraço.

Tais Luso de Carvalho disse...


Ontem morreu Ferreira Gullar, um dos ótimos poetas contemporâneos nossos, deixou muitos livros, artes, críticas, suas filosofias de vida... Quando morre um poeta, morre um pouco a sensibilidade do mundo.; morre a alegria e a tristeza - ainda que contada com elegância, sutilmente.
Deixo aqui pra você, amigo Manuel:

A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz.

bjs, meu amigo. Um belo poema!

alfacinha disse...

Um poema lindo acampanhado por um super Placido Domino
abraço

Agostinho disse...

Viva, Poeta MV

Nunca é de mais!
Semeemos pois o sonho!
com a persistência demente
de escravo
até que em cada mente
floresça um homem Poeta.

Um poema que é uma proposta de vida.
Abraço.

Graça Alves disse...

É maravilhoso, o poema!
E revejo-me no comentário do Agostinho.
bjs

Emília Pinto disse...

Este é " o nosso tempo " o nosso instante e, como diz o poeta Manuel Alegre, " cada instante é uma pequena despedida" e há que levar isso em conta, há que reflectir. Em " cada gesto nosso" uma flor deve ser estendida com generosidade ao outro, a todo aquele a quem a vida tirou até a capacidade de sentir o seu perfume; não sabemos o que nos trará cada " aurora " e muito menos sabemos se a teremos; o pão temos hoje, embora amassado por outros, mas há tantos outros que não o têm e nós continuamos a dizer" semeemos " para podermos colher . Mas será que semeamos? São tantos " os fios que nos atam...ou melhor...permitimos que os fios nos atem e de tal forma que ficamos atados , presos a esta sociedade indiferente a todos aqueles que " ávidos" esperam uma simples flor desenhada num olhar carinhoso, num sorriso , num simples pão sobre a mesa de tosca madeira, vazia. E se este é o nosso tempo, o nosso instante que pode ser definitivo, façamos mais e falemos menos. Vivamos o nosso instante com sabedoria e sensatez, sentindo-o e fazendo o que está ao nosso alcance para melhorar o tempo de quem está perto de nós e não consegue viver o seu instante; a vida não deixa e nós limitamo-nos a dizer " semeemos"! Mas o quê? Amigo, como sempre, excelente. Obrigada e fica bem. Um beijinho
Emilia

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