quarta-feira, dezembro 14, 2016

Que a Cidade Seja Solar e Ígnea


Que a palavra seja insígnia ou marmoto
E sobressalto...

Que a cidade seja solar e ígnea
E os muros se derramem no grito das gaivotas
E o Tejo uma falua engalanada...

E o corpo das mulheres seja o maduro trigo
De todas as fomes...

E as mãos sejam o destino dos homens
No suor do barro...

E o coração expluda...
E todos os caminhos se soltem...

E que a memória dos dias claros se desfolhe
Em cada gesto...

E a ansiedade dos tempos seja esporão
De claridade...

E a Palavra seja flama e sarça.
E que se inscreva liberta no rosto dos escravos...


Manuel Veiga


11 comentários:

Suzete Brainer disse...

Um poema que nos toca no sentido da liberdade
inscrita numa igualdade e idealizada numa
claridade pousada na cidade e na humanidade,
com "O coração expluda...
E todos os caminhos se soltem..."

Peço permissão para ampliar este belo
título para: "Que o mundo seja solar
e ígneo.", caro amigo manuel.
Encantada com o efeito luminoso do
poema nesta realidade tão sufocante
do meu Brasil (desculpa o desabafo...).
Parabéns pelo poema!
Bj.

LuísM Castanheira disse...

e (além dos demais)
que cresçam plantas nos desertos...
e as palavras sejam de afetos.
um belo poema de desejos difíceis,
mas possíveis.
na óptica do poeta o mundo seria melhor (e tanto há onde intervir)
um abraço

Agostinho disse...

"Que a Cidade seja solar e ígnea"!.
E more nela a Palavra prenhe de Liberdade.
Assim deseja o Poeta.

Abraço.

luisa disse...

Nas palavras de um poeta tudo é possível.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Caro amigo Manuel, este e um dos poemas que
posso dizer que gosto. Um belo poema. Parabéns.
Um grande abraço.
Pedro.

Tais Luso de Carvalho disse...


Meu amigo Manuel,
Deixei um comentário no vídeo acima, belíssimo, Natal em Viena! Esse é o espírito Natalino que gosto, embora eu ache sempre um pouco triste, e por ser triste, porque não dizer belo?
Mas certas coisas não se explicam, ficam no campo do 'sentir', como esse seu belo poema! Ler e deixar fluir. Sou meio dramática!

"E a Palavra seja flama e sarça.
E que se inscreva liberta no rosto dos escravos..."

Beijos.

Teresa Almeida disse...


... e o teu poema é uma falua engalanada onde apetece viajar.

Grata, também, pela emoção de Andrei Tarkovsky - The Sacrifice - J.S. Bach - Matthew Passion

Beijo.







José Carlos Sant Anna disse...

Eis-me de volta, meu caro amigo.
Estive mesmo ausente um pouco de mim.
E gratificado. Me faltam palavras e não recolho algumas do seu poema porque já estão carregadas de sentido.
Um forte abraço,

José Carlos Sant Anna disse...

Ah, e o dueto com a música de Schubert. Um deleite para os ouvidos.

Odete Ferreira disse...

E porque a Palavra me é sedução e vício, dir-te-ei que este poema me deixou "engalanada".
Bjo :)

Nota - É raro fazer alusão às imagens e vídeos, embora as/os veja e ouça com atenção. Faço-to saber nesta partilha, assim ficarei desculpada por não referir estes aspetos nos comentários.

Graça Alves disse...

É espantoso o seu poder da palavra!
Gosto sempre!
beijinho

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