sábado, fevereiro 18, 2017

O Poema é Pura Forma

Não cabe ao poeta o curso do poema.
O poema é pura forma – sem regra
E sem guarida.

É de outra distância.
É torre que arrebata
E o húmus e a substância
Da palavra que profana. E resgata.
E é o parto que fomenta. E é a gravidez do mundo.
E o gesto inaugural
E o xisto que detona
E o fogo sagrado.
E a ara em que se imola. E a febre.
Verbo sem mácula negando-se
À captura.

O poeta é apenas
Testemunha.


Manuel Veiga

16 comentários:

deep disse...

O poeta é o vate, o demiurgo, a quem cabe tornar visível o poema. :)

Belas palavras, poeta.

Bom fim-de-semana. Beijo

luisa disse...

Testemunha ativa que captura o poema e lhe dá cor e vida.

Teresa Almeida disse...

Pura forma que surpreende o autor que a si mesmo se imola, se profana e se resgata. Febre que captura o leitor.
Grata, deixo-te um beijinho e votos de boa semana.

Ana Tapadas disse...

Sem dúvida! E, este, é belíssimo.

Beijinho

Tais Luso de Carvalho disse...

É verdade, Manuel, e tudo vira pura emoção nesse canal de tantas ideias.
E o poeta diz tudo o que quer, e conta das tristezas, da vida avessa, mas
sempre com beleza. Esse é o traço que sobressai: o casamento da ideia com a
elegância. Esse é o traço que vejo com força.
Beijo, amigo! Gostei muito.

manuela barroso disse...

Nasce e se abandona no cálice do pensamento de quem o bebe. E se transforma : esta a beleza do acto poético . Liberdade !
Beijinho , Manuel

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá Manuel.
Mais um ótimo poema seu.
Esta técnica de falar do poema no poema escrito tem um nome, não me ocorre no momento. Drummond usa bastante essa técnica.
Grande abraço.
Pedro

Graça Pires disse...

O poema. As palavras incendiadas na voz. Esse fogo sagrado da palavra profana, como dizes. Tão belo, meu Amigo!
Um beijo.

LuísM Castanheira disse...

É o poema a descobrir o Poeta...
E ele, 'testemunha' dum tempo moldado - como se rio fosse -, segue os ditames das palavras sagradas, livres e profanas.
Muito bom, Manuel.
Um forte abraço, Amigo.

Suzete Brainer disse...

Excelente descrição sobre o poema a desnudar e revelar a essência
da Poesia para os poetas.
Os poetas são testemunhas do ato da Poesia, sendo assim, a
entrega ao processo criativo, em que o poema surge como uma
entrega amorosa-vital, sem lutas; intelecto-inspiração (sentir)
na mesma medida de existência-Poesia!...

Maravilhoso o teu ato poema, testemunha-criador
do poema em gesto-liberdade inaugural, inscrito da
tua originalidade encantadora!

Beijo.

Armando Sena disse...

O farsante, vilão, agitador de almas, detonador de sentimentos.
O Poeta é um sonhador ou vê realidades que mais ninguém descortina.
ab

Odete Ferreira disse...

Num poema (excelente) a criação e as sua(s) forma(s). Depois da lava.
A suscitar uma tertúlia, por certo bem animada.
Revejo-me na mensagem.
Bjo, Manuel :)

José Carlos Sant Anna disse...

E vai o poeta reinventando-se pelo seu "caminho de palavras", como se fosse de fato "testemunha" até o triunfo da palavra criadora, o que representa o fim do caminho, depois que fez ecoar o grito da resposta ou o da alegria do encontro consigo mesmo.
Forte abraço, meu caro amigo,

vida entre margens disse...

Expressão poética da melhor que tenho lido. Metapoesia pura...
Parabéns por mais um maravilhoso texto...

Graça Alves disse...

Lindíssimo!
Também penso assim, mas dizê-lo assim...é arte!
bj

José Carlos Sant Anna disse...

Meu caro poeta,

Voltei. E retomo o passo onde o deixei. Muitos afazeres têm-me deixado sobrecarregado. Os amigos compreendem. Retomo deste poema porque é uma daqueles poemas que assinaríamos de olhos fechados.
Forte abraço,

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