segunda-feira, abril 10, 2017

ERGO MEU ALTAR...


No surdo rumor das coisas a erguerem-se.
Sem mácula ainda. Apenas bailado a fermentar.
E inerte magma a abrir-se e a traçar o rosto do devir.
E as águas – matriz de tudo – a separarem-se
Em seu movimento prenunciador
De espaços e destinos.

Nesse alvor da palavra e murmúrio
Do fogo no interior das formas em esboço
Dos dias. Nesse trono de epifanias
E aleluias: grito apenas.
E na cintilação das esferas.
Nessa lonjura.

E na gloriosa febre em que nos sagramos.
E nos hinos. Ergo meu altar.
E fecundo minhas
Promessas nuas
E digo corola
E néctar.

E meu cântico. Flor de Cristal.
Mulher. Mátria. Liberdade
E dança. Apoteose
Sobressalto
E frémito.

E rubor de Poesia
Livre.

Manuel Veiga


12 comentários:

manuela barroso disse...

Um hino à própria poesia ! Belo poema !
Beijo , Manuel .

Agostinho disse...

O Poeta revela-se
na ara sacrificial em que nos sa(n)gramos:
a poesia erguida
- o bom vício e prova de vida.

Abraço.

LuísM Castanheira disse...

Ergo a minha taça e brindo contigo a toda a poesia livre e à tua, em especial.

Suzete Brainer disse...

Meu amigo,

A Poesia, no altar das palavras e sentires,
se inscreve no destino da beleza cristalina.
Neste poema há apoteose da cor da liberdade.

Com Certeza, tu com o teu imenso talento
poético, és destinatário desta Poesia.

beijo.

Odete Ferreira disse...

No poeta, tu, cada promessa é exaltação, é forma e conteúdo, é ser nascente e amadurecido, é nudez e robustez; a promessa que se é e se cumpre, no todo do eu poético que sente e cria poemas grandiosos como este.
Há um léxico que te é e me é, também, caro: o frémito e o rubor que provoca.
Bj grato, Manuel👏

Jaime Portela disse...

E este altar erguido de uma forma elegante e robusta.
Excelente, meu amigo.
Tem uma Páscoa Feliz, caro Veiga.
Abraço.

mariam [Maria Martins] disse...


Bom aqui voltar! Boa Páscoa! Beijinhos :)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...


e que belo trono se ergue nas palavras do Poeta

para definir a Poesia!

muito bom!

beijinhos

:)

Teresa Almeida disse...

Neste altar ergue-se gloriosa a poesia. Palavra fecunda e nua.

Chego ao fim do teu cântico e apetece-me gritar: aleluia!

Beijo, Manuel.

lis disse...

Encantada com o Altar apoteótico 'de espaços e destinos',que o poeta entroniza cânticos danças rubor e frêmito.
fica o Parabéns,sempre.

Ana Freire disse...

Um perfeito hino à paixão e à vida... e à poesia inerente às mesmas...
E que... como estou a comentar dos posts mais recentes para trás... se enquadra perfeitamente no espírito das imagens do video do post seguinte...
Belíssimo trabalho, Manuel!
Beijinho
Ana

Graça Alves disse...

Gosto muito!
bj

Sem Pena ou Magoa

  Lonjuras e murmúrios de água E o cântico que se escoa pelo vale E se prolonga no eco evanescente…     Vens assim inesperada me...