Alimento-me de gestos
que meus olhos
Estão cansados do
contrabando das palavras
E convenientes silêncios.
Em cada passo guio-me
por prenúncios
E pelo voo das aves e
seus presságios
E pelo canto das auroras
no carmesim
Das nuvens.
Meu bordão é apenas o
cajado a que
Me arrimo. Vara do tempo
onde registo
O deve e o haver de cada
encontro
Peregrino.
E as devoções que em mim
visito.
E que ficam.
Nada temo!
Que nada tenho, nem nada
devo.
E pouco valho.
Nem os homens, nem os
bichos.
Respondo quando
interpelado e distingo
O eco de meu nome. Ainda
que soletrado
Num murmúrio. Ou
descartado nas invejas
Ou pequenas vaidades do
mundo.
Quando jogado com raiva
– confesso!
Sinto gozo.
Sei ser grato, julgo.
Mas para espelho
Não sirvo. Nem da festa
sou o bombo.
Bem sei de meu caminho.
E das pedras
Que ousam, colho
estímulo
E passo.
Eu sei que passo!
Manuel Veiga
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