quarta-feira, novembro 08, 2017

ALVOROÇO DA TARDE


O vento. Um nome. Uma mantilha solta.
Sem outra cor...

Apenas a pele. A letra soletrada.
A flor estendida.
A oferta.

E o carmim do beijo
Antes dos lábios...

Apenas o gesto
Não a pétala
Nem a rosa profanada...

Apenas brisa em mão aberta
E um raro perfume escondido
E o sonho da montanha.
Trepando.

E o lago dos olhos. Alagando-se...

Apenas um rubor mal desperto.
E este alvoroço da tarde
Em azul aberto.

Que de tão ténue
Resiste...

Manuel Veiga

“Do Esplendor das Coisas Possíveis”
Poética Edições

Abril 2016

8 comentários:

Agostinho disse...

Um nome, a pele
em emoção
à flor da pele

O poeta exprime de forma sublime e emoção do encontro. Amoroso.

Abraço.

Rogério G.V. Pereira disse...

Apenas
...e tanto

Agostinho disse...

Voltei e agora
tenho um doce sol de frente
que me cega e aquece.
Vejo vir uma falua, parece,
em leve passo nas águas.
Se fosse noite diria
que a Lua afaga o Tejo.

Abraço, Poeta.

Teresa Almeida disse...


Confesso que já li várias vezes este alvoroço da tarde e detenho-me em vários momentos. Puro prazer. É poesia a valer!

Beijo, amigo Manuel Veiga.

Olinda Melo disse...


Um alvoroço. Contido, mas que se sente em cada sílaba e, na sua junção, em cada palavra. Poesia que atrai e nos prende.

Abraço.

Olinda

José Carlos Sant Anna disse...

O que seria a tarde sem um alvoroço? E o que seria o alvoroço se não tivéssemos a tarde?
É o poeta olhando para "a tarde" e aferindo-lhe tonalidades. E que tonalidades estas!
O poeta é um homem sortido antes e depois do alvoroço (rss)!
Forte abraço, meu caro amigo!

LuísM Castanheira disse...

Explendor!
O toque.
E o aroma
Da flor.
Imaculada.
Tanto o mais...

É este um dos mais belos poemas
de amor, meu caro amigo.

Tudo é suave...subtil e inteiro.

Parabéns, MV.

Abraço caloroso

Jaime Portela disse...

O que vem antes da profanação é sempre um alvoroço, ainda que possa resistir de tão ténue...
Excelente, parabéns.
Bom fim de semana, caro Veiga.
Abraço.

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