domingo, fevereiro 25, 2018

ROSA-MULHER...


Incendeias as ruas e os passos dos homens
E todos os cios. E as mulheres (in) cautas
Murmuram esconjuros
À tua passagem.

Altiva a ti, pertences. Tua alma
Apenas os poetas a cativam. Breve em cada estrofe
Para esvoaçante partires: - sina tua de amar
Em cada amor que em teu peito nasce.

Corpo mil vezes profanado. E outras tantas
Deserto. Cada palavra tua é balsamo
Nunca azedume. Ou acinte.

Amizade límpida perfuma-te as manhãs claras
E as noites inquietas - fome de vida e febre
Que te consome.

Guardarei de ti o gesto nobre de quem tudo entende
E nada espera. Singela em cada letra
Que em ti arde.

Pulsão livre do poema
Que de teu corpo se desprende.


Manuel Veiga


12 comentários:

luisa disse...

Uma rosa sem espinhos?
:)

Larissa Santos disse...

Lindo demais:))

Hoje:- {Poetizando e Encantando }...Se o Amor fosse perfeito.
.
Bjos

Votos de um Domingo Feliz.

Manuel Veiga disse...

Luisa,

mais exactamente : corola sem espinhos!...

Teresa Almeida disse...

Pulsão livre que do poema se desprende. E, na verdade, a vida pulsa em cada sílaba. É ROSA-MULHER ...
Brilhante, meu amigo Manuel.

Beijo meu.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Este teu poema, amigo Manuel, é de tirar o chapéu. Se me fosse permitido, assinaria o teu "ROSA-MULHER...", pois é um poema da melhor qualidade. Parabéns.
Boa semana.
Grande abraço.
Pedro

Tais Luso de Carvalho disse...


(...)sina tua de amar
Em cada amor que em teu peito nasce.

Muito lindo, o que seria da vida sem a delicadeza, sem as verdades ditas de maneira sóbria e elegante da poesia?
Um show, Manuel!
beijo - ótima semana.

Ana Freire disse...

Um poema com alma... em toda a linha!...
Simplesmente sublime, Manuel!... Este seu trabalho... também ficará registado no meu caderninho de futuros destaques, lá no meu canto!
Beijinho! Votos de uma excelente semana!
Ana

Graça Pires disse...

Há mulheres assim, em cujos passos se adiam os amores extraviados.
Um magnífico poema, com a sensibilidade que te cabe por inteiro, meu Amigo Manuel.
Uma boa semana.
Um beijo.

Olinda Melo disse...


Uma reparação a Anti-Rosa? São duas rosas diferentes, penso. A outra mais guerreira ou código de guerra. Esta, Rosa-Mulher, capaz de suscitar sentimentos controversos, mas, humana, humaníssima.
E o Poeta a dar-lhe vida. A desenhar-lhe um propósito no seu caminhar.

Belo, belo, Caro Manuel Veiga.

Abraço

Suzete Brainer disse...

Manuel, meu amigo

Poema obra de arte no patamar da perfeição.

Adorei o título como a simbologia da palavra Rosa no eco
da palavra Mulher, formar uma palavra composta num mesmo valor
de significância do feminino, beleza e essência...
O poema é belíssimo numa louvação à Mulher, numa identidade
feminina sublime, única e humana comovente, como fonte
da capacidade de amar que a Mulher simboliza e também como
pulsão libertária sedutora do Poema em corpo-vida da Mulher.
Belíssimo e único!!

A leitura de um poema com a tua assinatura é a certeza da
arte poética bem representada.

Beijo.

José Carlos Sant Anna disse...


Passando de uma rosa à outra, sem perder o percurso da palavra, "O puro sabor da mulher desejada/A qualquer hora/ Até de madrugada" e chegar à "pulsão livre do poema/ que do teu corpo se desprende" como se as palavras, na viagem para o poema, recebessem torpezas, demências, vaidades", no itinerário entre as duas rosas, a sagração da poesia!
Abraços, caro amigo,

Odete Ferreira disse...

Ficou-me a bailar o profundo e íntimo mundo da mulher que (ou quando) se dá de corpo inteiro.
De facto, faltam almas de poeta...
Sublime, meu amigo!

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