quinta-feira, abril 18, 2019

A VOZ DO SANGUE


A tua bênção, Pai
Antes que as margens se afastem infinitamente
E o rio seja o turbilhão de lava
Frio de nada...

Calo a lágrima
E beijo a terra na ubérrima mão
Do que por ti fomos
E das lonjuras que logramos...

Na flor tatuada dos dias
E na vara do tempo onde gravamos solstícios
E os nomes
E as sombras
Entrelaço a folhagem do carvalho
Em tua fronte
Como templo...

E soletro o frio
E a amargura da Hora
E calo o peito...

E ergo-me
Medianeiro
Encruzilhada de torrentes e dos invisíveis fios
E da seiva que somos...

E evoco os caminhos
E a voz do sangue
E os passos que são
E os passos que se anunciam...

E solto tuas bênçãos
Na carne da minha carne
E no sorriso da criança com teu nome:

António!


Manuel Veiga


 

FELIZ ´PÁSCOA!...



9 comentários:

Larissa Santos disse...

Belas palavras :))

Hoje, com a participação de ambos:- Páscoa :- JESUS é Amor, Luz, Felicidade (Poetizando e Encantando)

Bjos
Votos de uma óptima noite, e uma Santa Páscoa.

Ulisses de Carvalho disse...

"E a voz do meu pai,
voz de muitas águas..."

Pedro Luso de Carvalho disse...

Amigo Manuel o título do teu poema, "A voz do sangue", dá ao leitor atento um norte do que poderá conter o poema, que passa por muitos caminhos até chegar onde está o António, neto da "personagem" que foi o avô nesse canto de grande beleza poética. Parabéns ao poeta!
Uma Feliz Páscoa amigo Manuel, junto aos que te são queridos.
Um grande abraço.
Pedro

Olinda Melo disse...


Bem, Manuel Veiga, emocionei-me perante essas palavras
tão belamente escritas e adornadas de amor. Um amor que perpassa
por três gerações, creio eu, e em que a voz do sangue se faz
presente em toda a sua essência.

Adorei.

Abraço

Olinda

Teresa Almeida disse...

Um poema belo, forte e firme. É a voz do sangue que se faz eco no pulsar da palavra. E o António vai saborear esta herança sublime.

Feliz domingo de Páscoa, meu amigo Manuel!

Beijo.

Agostinho disse...

Porque há "coisas" que provam a existência do fio condutor da verticalidade humana ditas pela poesia, muito antes da ciência até, Manuel Veiga trouxe-nos um poema firme, indestrutível, intemporal, verdadeiro.
Abraço.

Graça Pires disse...

Sensibilizou-me este teu poema, meu Amigo Manuel. O teu neto António vai saber ouvir "a voz do sangue".
Uma boa semana.
Um beijo

Ana Freire disse...

Um sentido e belo poema... que nos permite aperceber, dos laços inquebráveis que vos unem!...
Gostei imenso! Não cheguei aqui, a tempo da Páscoa, que espero tenha sido passada de uma forma muito feliz, junto dos que lhe são mais queridos, Manuel!
Beijinho! Feliz semana!
Ana

Tais Luso de Carvalho disse...

Não deixaria de comentar essa obra prima que emociona, apesar de ter chegado um pouquinho tarde! Mas onde há laços de sangue quando sai de nossa alma esse grito único, estremesse, comove. Que essa caminhada seja feliz, sempre.

"E solto tuas bênçãos
Na carne da minha carne
E no sorriso da criança com teu nome:

António!"

Beijo, meu amigo! Uma boa semana!

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