terça-feira, maio 29, 2012
“90 ANOS SEARA NOVA” – Exposição Itinerante
A partir do dia 1 de Junho estará patente,
na Biblioteca-Museu República e Resistência (Espaço da Cidade Universitária) a
exposição comemorativa dos “90 Anos SEARA NOVA” com o título “90
Anos de Intervenção Cívica e Cultural”.
A Exposição prolonga-se, neste espaço,
pelo menos, até ao dia 14 de Junho, com o seguinte
no horário:
De Terça a Sexta-feira - das 10 horas às
20 horas
Aos Sábados - das 13 horas às 20 horas
O Espaço Universitário da
Biblioteca-Museu República e Resistência fica situado na Rua Alberto Sousa, nº
10-A, em Lisboa.
Uma nova oportunidade para aqueles que
tiveram ocasião para apreciar a Exposição no Palácio Galveias, em Lisboa, no passado
mês de Abril.
sábado, maio 26, 2012
PERSISTÊNCIA DO AZUL...
Persiste o azul
como se a boca fosse vulcão
Em transe de
soltar-se e o vermelho apenas indício
Ou ténue
labareda em asas de cetim.
Sopram os olhos
brasa também azuis
Como se a hora
do voo fosse de espera
E a borboleta
apenas o corpo da brisa
Que de tão suave
se queima e queimando
Se arrisca no
canto fugidio da chama.
Flores de lume os
traços do rosto
De azul vestidos. Farrapos de céu
Que em dor se
abrem e em desejo se cumprem
Como plumas
caprichosas no esplendor dos dias.
E deste lado poema
fios de Ariane
A seda dos
laços em que cativo me solto
No fingimento
dos braços. E me comovo no azul
Que bebo na dança
inventada de beijos
Coloridos...
Coloridos...
quinta-feira, maio 24, 2012
SOLIDARIEDADE COM A GRECIA
Carta aberta aos Presidentes do Parlamento Europeu, da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional
Nas eleições de 6 de Maio o povo grego exprimiu democraticamente a sua vontade, manifestando a sua oposição às condições impostas pelo programa de assistência financeira. Essas condições lançaram os gregos no desespero e na miséria. Pela sua brutalidade, as medidas do programa estão a dilacerar a sociedade grega, provocando rupturas incompatíveis com uma recuperação social e económica que salvaguardem padrões de vida aceitáveis para a dignidade de todo o povo.
Goradas as negociações para a constituição de um governo, os gregos vão regressar às urnas no próximo dia 17 de Junho. Trata-se de uma decisão enquadrada nas regras democráticas daquele país.
Porém, está a assistir-se da parte dos mais altos representantes das instâncias internacionais a declarações que em nada facilitam uma solução ajustada à situação que se vive naquele país. Pelo contrário, as tomadas de posição já conhecidas vão no sentido de influenciar e condicionar a liberdade de escolha e decisão dos gregos, ao colocar na agenda política, ao arrepio dos tratados europeus, a sua saída da zona euro com todas as consequências daí decorrentes.
Por outro lado, no mesmo sentido da consulta eleitoral na Grécia, os resultados das consultas eleitorais realizadas recentemente em França, na Alemanha, em Itália e no Reino Unido deram um sinal inequívoco de que também naqueles países as populações estão a rejeitar as medidas de austeridade que lhes querem impor em nome de um ajustamento orçamental cujos exemplos já conhecidos em nada estão a contribuir para melhorar as economias, nem sequer se revelam úteis para atingir o apregoado objectivo de resolver o problema das suas dívidas públicas.
Por estas razões, os signatários desta carta aberta entendem que nas actuais circunstâncias se deve expressar todo o apoio e solidariedade ao povo grego, exigindo o cancelamento das medidas de austeridade que lhe foram impostas.
Entendem também que os governos europeus não devem poupar esforços junto da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu para serem encontradas soluções que aliviem a tensão vivida em toda a Europa.
Exigem, finalmente, que sejam respeitados os resultados das eleições de 17 de Junho enquanto escolha democrática do povo grego.
Entendem também que os governos europeus não devem poupar esforços junto da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu para serem encontradas soluções que aliviem a tensão vivida em toda a Europa.
Exigem, finalmente, que sejam respeitados os resultados das eleições de 17 de Junho enquanto escolha democrática do povo grego.
domingo, maio 20, 2012
MAQUIAVEL, estás perdoado...
Ao que consta, a senhora Merkel, tendo
em vista chutar os gregos depois do imbróglio das últimas eleições, terá
sugerido ao Presidente da Grécia, que procedesse à realização de um referendo
sobre a permanência daquele país na zona euro.
Os círculos políticos de Berlim
apressaram-se, porém, a fazer o desmentido e, a partir daí, “nada se passou”, pois não será certamente o senhor Papoulias, nesta
fase do campeonato, perante vulnerabilidade de seu País e os dramas de seu
povo, quem irá desmentir a chanceler alemã.
Nem, em rigor, para o que pretendemos
dizer, interessará tanto saber se sim ou não, mas, sobretudo, registar que a
notícia surgiu e fez seu curso nos meios políticos e nos media nacionais e internacionais.
Portanto, “si non è vero, è bene trovato...”
Insisto que, para o que está em causa não
é tanto e existência real dos factos, mas o valor facial da notícia, ou seja, a
respectiva a verosimilhança. Na realidade, é relativamente secundário saber se
a senhora Merkl telefonou ao presidente grego, admitiu telefonar ou simplesmente
a ideia do referendo foi apenas uma “criação” de seus conselheiros políticos.
O que me parece que tem importância no
caso, é a constatação (mais uma) de que, para algumas mentes e os poderes
europeus, a democracia e os seus mecanismos de expressão cívica se podem mercadejar
ao sabor dos interesses económicos e políticos de momento.
Quem não se lembra, poucos tempos atrás,
que o senhor Papandreou, chefe do governo grego, legitimado pelo voto popular, foi
intimado a apresentar-se à dupla “Merkozy” em Cannes, onde decorria uma cimeira
do chamado G20, liminarmente defenestrado e substituído nas suas funções por um
tecnocrata ao serviço dos ditames do mercado e das serventuárias políticas
europeias?
Qual o “crime”? Teria o senhor Papandreou
renunciado às suas convicções europeístas? Ou teriam abdicado os gregos do seu
Estado, limitado que seja na sua soberania? Ou até mesmo teriam abjurado a sua
dívida soberana? Não!... O único sinal de heterodoxia foi o primeiro-ministro
Papandreou afirmar que iria sujeitar o programa da tróica e o garrote das imposições
a consulta popular.
Tanto bastou, portanto, para o primeiro-ministro
grego fosse despedido por indecente e má figura, como antigamente os
imperadores persas se desfaziam de seus sápatras...
Não sendo previsível que, em escassos
meses, o instituto do referendo, conhecido de desde os romanos, tenha mudado de
conteúdo e a palavra, seja em que língua for, mudado de sentido, como
compreender então possa ser bom hoje o que era abominável ainda ontem?
Será que a senhora Merkel não pretendia
o referendo, quando ela considerava que poderia por em causa a sua estratégia e
as suas imposições, mas o mesmíssimo referendo lhe daria jeito para se
desembaraçar do “problema grego”, atravessado na garganta das políticas
liberais, porquanto testemunho, em carne viva, do desastre que tais políticas
provocam?
A pergunta é redundante, pois bem
sabemos, que perante o altar dos mercados financeiros “toda a virtude é castigada” e não há razão ou fundamento que não
seja a sua gula.
Não os povos, nem a grandeza dos homens
(e das mulheres). Apenas a tosca e mesquinha consagração de que os "fins justificam os meios"...
..............................................................
Há quinhentos anos Maquiavel, com sua
pena arguta, escreveu que “mais
facilmente se conserva uma cidade habituada a viver livre através do consenso
dos seus cidadãos do que de qualquer outro modo...”
...
e
que “a recordação da liberdade e das
antigas instituições, as quais nem pela acção do tempo nem pela concessão de
benesses se apagarão da sua memória” (dos povos subjugados).
Mas de que serve? Tais sensatas sentenças
faziam sentido quando na Europa (e na Alemanha) vicejavam “príncipes da política” e leitores de Maquiavel.
Hoje, estamos rodeados de amanuenses...
sábado, maio 19, 2012
QUIÉN MUERE?...
“Muere
lentamente quien se transforma en esclavo del hábito, repitiendo todos los días
los mismos trayectos, quien no cambia de marca, no ariesga vestir un color
nuevo y no le habla a quien no conoce.
Muere
lentamente quien hace de la televisión su gurú.
Muere
lentamente quien evita una pasión, quien prefiere el negro sobre blanco y los
puntos sobre las ‘íes’ a un remolino de emociones, justamente las que rescatan
el brillo de los ojos, sonrisas de los bostezos, corazones a los tropiezos y
sentimientos.
Muere
lentamente quien no voltea la mesa cuando está infeliz en el trabajo, quien no
arriesga lo cierto por lo incierto para ir detrás de un sueño, quien no se
permite por lo menos una vez en la vida, huir de los consejos sensatos.
Muere
lentamente quien no viaja, quien no lee, quien no oye música, quien no
encuentra gracia en si mismo.
Muere
lentamente quien destruye su amor propio, quien no se deja ayudar.
Muere
lentamente, quien pasa los días quejándose de su mala suerte o de la lluvia
incesante.
Muere
lentamente, quien abandona un proyecto antes de iniciarlo, no preguntando de un
asunto que desconoce o no respondiendo cuando le indagan sobre algo que sabe.
Evitemos
la muerte en suaves cuotas, recordando siempre que estar vivo exige un esfuerzo
mucho mayor que el simple hecho de respirar.
Solamente
la ardiente paciencia hará que conquistemos una espléndida felicidad.”
Pablo Neruda
quinta-feira, maio 17, 2012
segunda-feira, maio 14, 2012
QUE A HORA PASSA!...
Flores em teu regaço?!...
Espalha-as no terreiro
ou tece grinaldas
Na fronte curvada dos
vencidosComo perfume de rosas derramadas nos espinhos...
Ou coroa que se rasga em corpo insano...
E de permeio
Na dor colhe apenas a diferença subtil da perda
sexta-feira, maio 11, 2012
INQUIETAÇÃO DAS PÁLPEBRAS...
Sob a
inquietação das pálpebras germina a dor
E a surpresa...
Nada que os
olhos não saibam...
Por isso se
fixam no azul como refúgio
E se alargam ao
horizonte cálido da solidão
De outros olhos –
peregrinos que sejam!
Há sempre uma gota
desalinhada
No orvalho das
manhãs
E uma promessa
disfarçada
Em cada gesto de
bebê-la...
Assim meus lábios a sorvam
quarta-feira, maio 09, 2012
Poesia Outra...
Mil vezes esta
pedra, mil vezes este mar.
Mil vezes aqui
estive e mil vezes voltei.
Saber de um
tesouro que há de haver.
Saber-lhe o
brilho, o cheiro, a vastidão.
E não saber. Uma
janela entreaberta,
um muro
inacabado, um cabo por dobrar. No fio da inquietação, uma batida,
um compasso de tempos muito antigos,
antes das
grécias, dos dilúvios.
Antes.
Licínia Quitério
sitiodopoema
terça-feira, maio 08, 2012
domingo, maio 06, 2012
O "merceeiro-mor do reino", leitor de GUY DEBORD?
Já foi dito e redito. Às habituais
postas de pescada que o figurão vai arrotando no espaço público, arrogando-se o
privilégio, pelo facto de ser rico (dizem-me que muito rico) de dar lições de
patriotismo e trabalho aos portugueses e fustigar sem pejo os políticos que não
lhe “caem no goto”, deu agora
espectáculo, com uma operação ideológica bem urdida, que fala para além da arrogância
do sujeito.
Para quem tivesse dúvidas, ficaria agora
exemplarmente esclarecido. Na lógica da mercadoria, razão e fundamento do
sistema capitalista, a vida humana é submetida à lei do lucro. E a economia, em
vez de atender aos desejos humanos, cria e manipula incessantemente
necessidades, reduzidas “à única
pseudonecessidade da manutenção do seu reinado”.
O efeito espectacular (e especular) da “operação Pingo Doce”, remete assim irresistivelmente para a Guy Debord e para a crítica radical que faz do sistema capitalista em “A Sociedade do Espectáculo” e para a actualidade da sua obra.
Mas cada um julgue por si. Eis alguns excertos:
“O espectáculo (da sociedade de consumo) que é a extinção dos limites do eu e do mundo pelo esmagamento do eu que a presença-ausência do mundo assedia, é igualmente a supressão dos limites do verdadeiro e do falso pelo recalcamento de toda a verdade vivida sob a presença real da falsidade que a organização da aparência assegura.
(...)
“A necessidade de dinheiro é portanto a verdadeira necessidade produzida pela economia política, e a única necessidade que ela produz” (...) O espectáculo estende por toda a vida social o princípio que Hegel concebe quanto ao dinheiro: é “a vida do que está morto movendo-se em si própria”.
(...)
“O apagamento da personalidade acompanha as condições da existência concretamente submetida às normas espectaculares da sociedade de consumo, e também cada vez mais separada das possibilidades de conhecer experiências que sejam autênticas e, através delas, descobrir as suas preferências individuais”.
(...)
“Em todas as espécies de assuntos desta sociedade, onde a distribuição dos bens está de tal maneira centralizada que se tornou proprietária, de uma forma simultaneamente notória e secreta, da própria definição do que poderá ser o bem, acontece atribuir-se a certas pessoas qualidades, ou conhecimentos ou, por vezes, mesmo vícios, perfeitamente imaginários, para explicar através de tais causas o desenvolvimento satisfatório de certas empresas; e isto com o único fim de esconder, ou pelo menos dissimular tanto quanto possível, a função de diversos acordos que decidem sobre tudo”.
(...)
A técnica espectacular não dissipou as nuvens religiosas onde os homens tinham colocado os seus próprios poderes desligados de si: ela ligou-os somente a uma base terrestre. Assim, é a mais terrestre das vidas que se torna opaca e irrespirável. Ela já não reenvia para o céu, mas alberga em si a sua recusa absoluta, o seu falacioso paraíso"
(...)
“O reconhecimento e o consumo das mercadorias estão no centro desta pseudo resposta a uma comunicação sem resposta. A necessidade de imitação que o consumidor sente é precisamente uma necessidade infantil, condicionada por todos os aspectos da sua despossessão fundamental”.
Enfim, em palavras chãs, o "consumidor devorou o cidadão"...
................................................
Um canal de televisão traz-me imagens de Ségolène Royal, em discurso de celebração da vitória eleitoral, a afirmar que, a partir de agora, "os Bancos em vez de mandarem terão que habituar-se a obedecer"...
Bom seria ouvir por cá alguém com o mesmo desassombro!
Vive la FRANCE!...
O efeito espectacular (e especular) da “operação Pingo Doce”, remete assim irresistivelmente para a Guy Debord e para a crítica radical que faz do sistema capitalista em “A Sociedade do Espectáculo” e para a actualidade da sua obra.
Mas cada um julgue por si. Eis alguns excertos:
“O espectáculo (da sociedade de consumo) que é a extinção dos limites do eu e do mundo pelo esmagamento do eu que a presença-ausência do mundo assedia, é igualmente a supressão dos limites do verdadeiro e do falso pelo recalcamento de toda a verdade vivida sob a presença real da falsidade que a organização da aparência assegura.
(...)
“A necessidade de dinheiro é portanto a verdadeira necessidade produzida pela economia política, e a única necessidade que ela produz” (...) O espectáculo estende por toda a vida social o princípio que Hegel concebe quanto ao dinheiro: é “a vida do que está morto movendo-se em si própria”.
(...)
“O apagamento da personalidade acompanha as condições da existência concretamente submetida às normas espectaculares da sociedade de consumo, e também cada vez mais separada das possibilidades de conhecer experiências que sejam autênticas e, através delas, descobrir as suas preferências individuais”.
(...)
“Em todas as espécies de assuntos desta sociedade, onde a distribuição dos bens está de tal maneira centralizada que se tornou proprietária, de uma forma simultaneamente notória e secreta, da própria definição do que poderá ser o bem, acontece atribuir-se a certas pessoas qualidades, ou conhecimentos ou, por vezes, mesmo vícios, perfeitamente imaginários, para explicar através de tais causas o desenvolvimento satisfatório de certas empresas; e isto com o único fim de esconder, ou pelo menos dissimular tanto quanto possível, a função de diversos acordos que decidem sobre tudo”.
(...)
A técnica espectacular não dissipou as nuvens religiosas onde os homens tinham colocado os seus próprios poderes desligados de si: ela ligou-os somente a uma base terrestre. Assim, é a mais terrestre das vidas que se torna opaca e irrespirável. Ela já não reenvia para o céu, mas alberga em si a sua recusa absoluta, o seu falacioso paraíso"
(...)
“O reconhecimento e o consumo das mercadorias estão no centro desta pseudo resposta a uma comunicação sem resposta. A necessidade de imitação que o consumidor sente é precisamente uma necessidade infantil, condicionada por todos os aspectos da sua despossessão fundamental”.
Enfim, em palavras chãs, o "consumidor devorou o cidadão"...
................................................
Um canal de televisão traz-me imagens de Ségolène Royal, em discurso de celebração da vitória eleitoral, a afirmar que, a partir de agora, "os Bancos em vez de mandarem terão que habituar-se a obedecer"...
Bom seria ouvir por cá alguém com o mesmo desassombro!
Vive la FRANCE!...
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