domingo, julho 21, 2024

Um Corcel a Latejar no Peito

 

Felizes, os dias felizes e os dias de sol

Luminosos como a inocência de uns olhos inocentes

E as amáveis coisas que nos rodeiam

E a delicadeza dos nomes

Que enunciamos…

 

E um corcel a latejar no peito

Pronto a soltar-se no inesperado

Em fusão de Liberdade…

 

E os ardentes anseios que vinculam

E ligam e religam a consciência dos homens´

Ao devir da Humanidade.


Manuel Veiga

sexta-feira, julho 12, 2024

Precários Meus Gestos


Assento meus passos nas raízes

Que talham meu porte

E prossigo

 

Minha sede

É murmúrio das nascentes

E calor de solstícios

 

Por vezes me detenho. Nas margens

E no encantamento das paisagens

E demoro-me

 

Na lágrima. Que inesperada

Faço minha. E bebo em tremura

De lábios gretados.

 

Sou onde me fixo. E os ventos

Me levam. Precários são meus gestos

E serenos meus caminhos.

 

Manuel Veiga

sábado, junho 29, 2024

SERENAS ÁGUAS


Irrompem do donaire primaveris

Cascatas. Que o outono acolhe

E matizadas cores.

 

São os olhos pomares. E veredas

Debruadas. E o amável gesto

De colhê-las. Maturadas na espera

De bocas sôfregas…

 

Libertos os corpos e

Serenas águas!


 Manuel Veiga

sexta-feira, junho 14, 2024

POMARES EM NOSSOS LÁBIOS

 

Uma leve sombra

E algumas palavras crespas

Pequena ruga na cambraia

Dos afectos – murmúrio de brisas

A adejar na pele…

 

Em verdade – coisa de nada!..

Apenas frémito alvoroçado

E o cântico de água

Na cascata

De teus olhos

Que os jardins onde poisamos

São pomares em nossos lábios

E aroma de amores

Perfeitos

A dizerem-se sede

E campo de folguedos

Tão nossos....


Manuel Veiga

 

sexta-feira, maio 31, 2024

MURMÚRIOS

 

 

Passeio-me nas ondas de teu corpo

E o oceano é alvoroço.

E naufrago. E me entrego

E em ti desembarco

E te percorro. …

 

E em ti me espraio

Em murmúrios

De limos

E em sinfonia

De corpos…

 

Manuel Veiga

 

sábado, maio 18, 2024

NA ORLA DOS LÁBIOS...

 

O poema desenha-se na orla dos lábios

Na íntima tensão do verbo antes de explodir

Itinerário de sombra rente à luz

 

Ou murmúrio subterrâneo de gestos

A florirem no rosto imaculado das coisas

Antes de acontecerem.

 

Como se Eros fosse falua

A singrar oceanos ignotos e o corpo

Uma chama branca a arder

No cruzamento das rotas e

No movimento líquido da Palavra

A alagar-se em fogo.

Sem metáforas…

 Manuel Veiga

sexta-feira, maio 10, 2024

EM .LOUVOR DA AMIZADE


 A amizade é um alagar-se por dentro

Num lento movimento sem gestos: quase mudo!

Uma música sem ritmo, um quase-nada

Que assinala e acrescenta

E sem tempo se demora

A somar gente

À gente.

E nada pede.

E se deixa assim ficar a bailar.

Como se nada fora!...

 

Manuel Veiga


quinta-feira, abril 25, 2024

ESCULTOR O TEMPO


Escultor de paisagens o tempo.

E estes rostos, onde me revejo.

E as mãos, arados.

E os punhos. Em luta erguidos…

 Sons de fábricas que morrem

Perdidas na voragem dos dias

Infecundos. E do lucro

Sem fronteiras.

 E, no entanto, esta torrente. E esta fonte

Que desce em cascata de palavras

Verbo que se faz carne. E ferve

No peito a latejar

Rubros cravos

E bandeiras.

 Nada é definitivo quando a rocha

Se abre ao fogo./Nem a Revolução um feito

Inacabado. Antes um horizonte aberto

A oferecer-se em cada tempo

Sonho sempre novo

Em cada gesto

Logrado

 Poema sinfónico

A arder por dentro. Passo a passo

Numa cadência sem idade.

 E este aguilhão e este alvoroço

E o rosto magoado deste Povo

A inscrever um tempo novo

Letra a letra

Liberdade.

 

25 de Abril, SEMPRE 


Manuel Veiga

sexta-feira, abril 19, 2024

Para Um Novo Teorema da Fisica Moderna

 

dizem expeditos cientistas que o leve bater

das asas de uma borboleta à distância

de milhares de quilómetros pode causar

uma catástrofe num ponto indeterminado…

esse poder a borboleta desconhece,

 que solta belíssimos voos

enquanto aqui e a ali, vai beijando umas flores

no seu jardim predileto – sem outro dano

ou propósito….

 

assim o poeta ele fosse – poder soltar os seus versos

e o adejar de seus mistérios e a milhares de quilómetros

pudesse agitar a beleza das palavras e com elas

fundir.se na consumação dos tempos como se fora

um novo teorema da física moderna…

 

Manuel Veiga

 

quarta-feira, abril 03, 2024

Orquestração de Hinos

 

Polpa dos lábios.

E a interdita palavra

Freme…

E se acolhe

Em fervor mudo

E sílaba-a-sílaba

Se inaugura…

Percurso

De euforias.

Plenas  

Já não lábios

Harmonia de salivas

A urdir por dentro

A tempestade

Dos corpos …

E a dulcíssima

Orquestração

Dos hinos…

 

Manuel Veiga


quarta-feira, março 20, 2024

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO


 

Ao centro a mesa alva

sonho de linho distendido como altar

ou cobertura imaculada sobre a pedra

e a refeição parca…

e copo como cálice

de mão em mão servido

e as gargantas ávidas

e o pão e a água

repartidos…

 

celebração do trabalho e

cerimónia mítica

e o suor dos corpos

como Hino…

 

Manuel Veiga

Um Corcel a Latejar no Peito

  Felizes, os dias felizes e os dias de sol Luminosos como a inocência de uns olhos inocentes E as amáveis coisas que nos rodeiam E a ...