Escultor
de paisagens o tempo.
E
estes rostos, onde me revejo.
E
as mãos, arados.
E
os punhos. Em luta erguidos…
Sons
de fábricas que morrem
Perdidas
na voragem dos dias
Infecundos.
E do lucro
Sem
fronteiras.
E,
no entanto, esta torrente. E esta fonte
Que
desce em cascata de palavras
Verbo
que se faz carne. E ferve
No
peito a latejar
Rubros
cravos
E
bandeiras.
Nada
é definitivo quando a rocha
Se
abre ao fogo./Nem a Revolução um feito
Inacabado.
Antes um horizonte aberto
A
oferecer-se em cada tempo
Sonho
sempre novo
Em
cada gesto
Logrado
Poema
sinfónico
A
arder por dentro. Passo a passo
Numa
cadência sem idade.
E
este aguilhão e este alvoroço
E
o rosto magoado deste Povo
A
inscrever um tempo novo
Letra
a letra
Liberdade.
25 de Abril, SEMPRE
Manuel Veiga