Um dia, num
restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o
amor como dobrada fria.
Disse
delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia
quente,
Que a dobrada (e
era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se
comigo.
Nunca se pode
ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não
pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear
para toda a rua.
Quem sabe o que
isto quer dizer?
Eu não sei, e
foi comigo...
(Sei muito bem
que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou
público, ou do vizinho.
Sei muito bem
que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza
é de hoje).
Sei isso muitas
vezes,
Mas, se eu pedi
amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda
do Porto fria?
Não é prato que
se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo
frio.
Não me queixei,
mas estava frio,
Nunca se pode
comer frio, mas veio frio.
Álvaro de Campos.
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Em tempo(s) frio(s) insisto nesta "saborosa" dobrada ...
Estarei ausente de vosso convívio por breves dias!
Beijos e Abraços!
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Em tempo(s) frio(s) insisto nesta "saborosa" dobrada ...
Estarei ausente de vosso convívio por breves dias!
Beijos e Abraços!
12 comentários:
É iguaria que os beefs estragaram com a velha mania do lucro. E a gente desabituou-se...
Boas férias.
Excelente poema, que também já publiquei no meu blog!
xx
É sempre bom ler Pessoa...
Bom retiro e melhor 2016
reler Pessoa é sempre um bom momento.
boas férias e cá o esperamos.
um beijinho
:)
Meu caro Pessoas
como te compreendo
Abraço amigo
~~~
~ Apesar do afastamento e do frio,
dias calorosos, otimistas e ternos...
~~~~ Beijo amigo. ~~~~
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Então, até já! Com receitas à temperatura certa.
Bj.
Vai, vive e volta.
Grande abracinho de um bom Ano de 2016. Obrigada pela tua sentida visita.
Ana
Álvaro de Campos sabia o que comia e o que escrevia.
E de um dia para o outro ainda se saboreia melhor, sempre quente, claro...
Boa lareira.
Abraço fraterno
Já marchava!
Abraço
Tinha toda a razão Álvaro de Campos. Onde já se viu servir amor, ou dobrada que seja, a frio? :)
O Poeta maior, o Pessoa, sabia bem o que dizia;
com tantos eus com necessidade de liberdade poética
e prazer para ser vivido nas horas alegres de dias solares!...
Boas férias com horas alegres, Poeta!
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