segunda-feira, agosto 07, 2006

Outras Leituras IV – (“Não vou morrer...”)

“Não vou morrer. Saio agora,
neste dia cheia de vulcões
para a multidão, para a vida.

Aqui deixo dispostas estas coisas,
hoje que os pistoleiros passeiam
com a “cultura ocidental” nos braços
com as mãos que matam (...)
com as forcas que balançam (...)
e a desonra que governa (...)
e paro de contar...

Aqui me fico
com palavras e povos e caminhos
que me esperam de novo e à minha porta
batem com mãos consteladas.”

Pablo Neruda – Canto Geral – Poema XXVI

(Yó soy “cubano”! Helás...)

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Agradeço a vossa presença amiga, apesar da minha pouca assiduidade...
A sensibilidade e a inteligência dos vossos comentários demonstram que “há mais vida para além dos blogs”, nos diversos caminhos de empenhamento cívico.

11 comentários:

M. disse...

Mas os blogs são prolongamentos de nós, não são? É também a nossa vida e um dos empenhamentos cívicos possível. E não desanimemos: neste mundo de insanidade valem-nos os que "batem com mãos consteladas." (Recuso-me a deixar-me entristecer de vez. Isso seria perder-me de mim na vida.)
Um abraço.

Licínia Quitério disse...

Neruda sempre! O Poeta do grande amor e das grandes causas. Obrigada.
Licínia

vida de vidro disse...

Dir-se-ia que Neruda viveu a situação actual... E tu, que és "cubano", não podias deixar passar esta fase de tantas dúvidas para aquele povo em que
"os pistoleiros passeiam
com a “cultura ocidental” nos braços". **

Maria P. disse...

O prazer e o interesse de visitar este espaço, não se traduz pela quantidade, mas sim pela qualidade.

Neruda, nada a dizer, claro.

Boa noite.

Diafragma disse...

De facto tem sido uma experiência inesperada para mim, este mundo dos Blogs. Ao princípio interessou-me apenas como fenómeno social e de cidadania, tal como hoje estudo os Podcasts. Interessa-me sempre acompanhar a forma como a sociedade se apropria das tecnologias, e essa evolução tem sido, para mim, absolutamente fascinante. Adorava saber escrever para fazer um livro sobre essa evolução subterrânea, mas o Rheingold de certa forma já o fez no "Smart Mobs".
Só há 2 anos decidi, como dizem os britânicos "try my own medicine" e começar um blog. E inesperadamente surgiu-me uma rede de amizades virtuais mas cada vez mais importantes. Só para dar um exemplo, já me sucedeu numa conversa de fim de semana, comentar "O que é que o Herético pensará sobre isto?", como se nos conhecêssemos!
E mais uma vez confirmo a frase do Fernando Gil, quando escreveu:

«Cada coisa, para ser o que é, tem de estar em ligação com todas as outras. A identidade ideal é uma rede de conexões infinitas.»

Diafragma disse...

p.s.: as minhas desculpas por me ter completamente desviado do tema e do Neruda, e me ter fixado no teu comentário final sobre a vida nos Blogs.

JPD disse...

Belo poema!
Um abraço

Frioleiras disse...

Adoro e... adorarei, sempre, Pablo Neruda...

Anónimo disse...

Diafragma colocou bem: muitas vezes nos "pegamos" querendo conhecer a opinião dos colegas virtuais... virtuais?! - alguns, depois de um certo tempo, passam a ser como aquelas pessoas de nossa família que há muito não vemos...

Grato pelo Neruda, grato por tuas palavras instigantes, grato por tua amizade, meu irmão.

hfm disse...

Gostei de encontrar aqui Neruda como gosto geralmente de tudo que aqui encontro!

Nilson Barcelli disse...

O poema faz sentido ser lido agora, neste dias de ferro e fogo no Líbano.
Acho que já o disse, mas volto a dizer: a maioria dos países são governados por filhos da puta, mas eu nem devia dizer isto para não ofender as putas...
Um abraço.

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