É bom sonhar bandarilheiros de flores nos cornos da vida
E o sangue apenas mistério iniciático de donzelas...
É bom colher o pão nas manhãs frias em toalhas de linho
É que as espadas sejam apenas bainha ou rendilhados
Em feminis mãos de ternura plena e crochet de afectos...
Bom seria que o poema fosse apenas canção; e a canção
Fosse aurora de luz plena em cada canto onde se respire
E que os homens não matassem e as sirenes fossem sinos
De uma Páscoa em todas as línguas por igual seu mistério...
Mas carregamos o destino de montanhas milenares e frias
Que abrem fendas em cada passo e explodem vulcão de fogo
Escondido nas catacumbas da dor e na violência do medo...
Quem justifica a morte? E no entanto a carregamos como filha
Às costas sem que sejamos mártires mas apenas homens...
Que me importa el matador? A espada negra a todos sacode
E gregários apenas nos une a dor passageira; sem outras dores
Nem outras fomes que não a nossa: marmoto de alma(s)...
quinta-feira, julho 24, 2008
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31 comentários:
É um sonho, mas é muito bonito....
Gosto deste teu jogo de palavras.
Deixo beijos
e beijos
Prezado amigo, a última vez que estive aqui, a Europa ainda era socialista. Hoje, a Alemanha ovacionou o Barack Obama, general-supremo do famigerado neoliberalismo.
Tem de publicar mais poesias, pois o seu talento para os versos cresceu demais para limitar-se à publicações bissextas.
A falta de tempo me deu um refresco. Volto para ler mais.
A fructibus cognoscitur arbor
Um abraço!
Quem justifica a vida? Talvez por aí...
Beijos.
Voltei!!
Já tinha saudades.
"Bom seria que o poema fosse apenas canção" Mas quem justifica a morte e tudo o resto que nos cerca?
Um abraço.
Seria um grande pretexto para nos sentirmos, mesmo, gregários...
.
Mas, tal como a dor é, apenas, nossa... [e daqueles, que por amarmos, nos fazem falta],
assim parece ser a morte...
.
Reviramos os olhos para um umbigo próximo. Não estará na natureza do homem comum amar o todo... é demasiado vasto... assustador!
.
Babel...
.
[Beijo...]
Vida e morte estão irremediavelmente unidas. Como tristeza e alegria, guerra e paz. Todas as dualidades que nos acompanham neste caminho efémero. Sendo que, no pior, estamos quase sempre sós.
Bom seria que o poema fosse apenas canção...
De outro mundo, é bom sonhar a alma.
Um marmoto de palavras
belo
beijos
Bom seria, mas para além de canção tem de ser arma. Ainda. Ou sempre...
Também o teu poema é bom.
Eu gostei, e muito.
Bom fim de semana, abraço.
sombras
que às vezes
no verão
podem ser
tão
le ves
~
Salvé Herético
Passei para justificar a morte...porque é perene
Passei para enaltecer as Páscoas...pelas remissões tantas sem vigilancia
Passei para para deixar o soar da ausência...pelas fugazes palavras
Passei....
Até sempre
Mariz
Binomio ensamblado...
Unha aperta.
:)
Sonhar não faz mal, mantém-nos acesos. Belo e nostálgico o desejo de voltar a um tempo que não existe, cheirar o pão, a roupa lavada, sentir-se cheio de corpo e alma, esquecer o resto do tempo como se fosse um cárcere seguindo-nos onde quer que vamos.. que importa el matador? É deixá-lo, afinal nunca ninguém lhe viu a cara...
beijo
PS: é verdade,estamos no fim de semana.. onde pára o zeca?
:)
pensas que esqueço?
É uma heresia não nos brindares mais vezes com a tua poesia.
Bom fim de semana.
um idealista,
tu...
bjnhs
gostei muito.
esta poesia é um "tornado" de emoções... parabéns!
bom fim-de-semana
deixo-lhe um seixo rolado (escolha a cor)
um sorriso :)
És poeta, és escritor, és um excelente cronista, és um brilhante homem de letras.
Bem hajas!
Beijinhos
Anda-se a desperdiçar um poeta... :)
Abraço.
Um belíssimo poema, meu amigo!
Em forma e em substância.
Um forte abraço.
Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão.
Muito bom.
:)
“Bom seria”... bom é, meu Amigo: que existas! – e em existindo, a partilha assegurada: de afetos, solidariedade, versos a mancheias!!!
Um abraço fraterno
Muito obrigado por visitar o meu blog. Grande abraço do Alexandre Bonafim.
Deixo um abraço amigo.
Admirável… «Bom seria que o poema fosse apenas canção; e a canção
Fosse aurora de luz plena em cada canto onde se respire
E que os homens não matassem e as sirenes fossem sinos
De uma Páscoa em todas as línguas por igual seu mistério...» Bj grande.
Ressonâncias doridas mas não menos poéticas; atente-se em:
"e a canção
Fosse aurora de luz plena em cada canto onde se respire"
depois de tantas palavras acertadas resta-me um rasgado
:))))))
... tu supreendes-me mesmo!Embora, me tenhas já afirmado que tu próprio te supreendes :)
Um poema denso, forte, nem sei muito bem como comentá-lo!
Prefiro deixar meu olhar 'mudo'...
Sensibilizada pelo teu olhar em 'fragmentos'! Sempre amistoso e atento!
Um beijo,
Heretico
Passei novamente porque acho este poema belíssimo e ainda - caso aceite, ofereço o meu award - embora simples e ingénuo - antes de me ir embora férias.
Mas´, tem outro ainda: este chama-se "prémio Dardos" - foi-me atribuído segundo alguns critérios e o mesmo deverá ser feito a 13 blogs á sua escolha.
Esse award, encontra-se na faixa da direita junto a outros que recebi.
Espero então, que ambos venham consigo.
Abraço
Mariz
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