Sob os escombros dos impérios a persistência
De dias adiados. Gestos macerados em estridência de bronze
Nos golpes desferidos.
Porém cortinas que incautos tempos
Vão abrindo. Escudos na intermitência dos golpes.
Por agora...
Heróis - dizem-me - estão gastos.
Respiram a poeira das cavalgadas e míticas auroras.
E o acaso dos dias...
No entanto sei que o esplendor das coisas possíveis
E a decantação das horas. E o perfume das madrugadas
Se alimentam desta espera. E desta teimosia.
E deste húmus.
E da fumegante audácia que germina na grandeza
De promessas – enfim! - traídas.
E nestes cardos que os ventos soltam em redemoinho.
Como espinhos...
E sei ainda que lâminas e cânticos se afinam.
E que o abraço escorre nos ombros.
E os pulsos se rasgam. E o sangue lateja.
E que as agruras são semente. E os caminhos se desbravam.
E que as ruas são torpedos quando rios
E flâmulas se incendeiam...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
ESCULTOR O TEMPO
Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos… S ons de fábrica...
-
Escrevo poemas imaginários (que jamais serão escritos) e te envio numa gota de chuva neste inverno de melancolia sei que vais ...
-
A o centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e refeição parca… e o copo como c...
35 comentários:
Herético
És um grande poeta. É só o que te posso dizer, eu que sou amante de poesia.
Abraço
Herético,
gracias, por isto, depois daquilo,infra, é ouro!!!!!! :)
vejo aqui Dali, Cervantes, ou ainda réstias de um outro poema seu.
Gostei(muito).
resto de boa semana
um sorriso :)
mariam
... a
in-ven-tar de-va-ga-r o teu
nome,
"Sob os escombros dos impérios a persistência
De dias adiados."
É o que eu sinto.
Concordo com a "silêncio culpado": és um grande poeta.
Redundante dizer que escreves muitíssimo bem. Mas que seja, o que é para se dizer deve ser dito.
Gosto da força da tua poesia.
:)
A força das tuas palavras...
Obrigada!
Beijos, e mais beijos
tanta força nestas palavras feitas poema.
destaco esta frase que me tocou..
"E que o abraço escorre nos ombros."
e escorre mesmo....
beij
O menino transfigura-se quando escreve "assim". Valeu! Valeu mesmo!
:))
Muito bem escrito, ou não fosse teu. E que venha o "incêncio"...
Beijo
Um silêncio tão inocente que fala por si...gostei imenso, meu caro herético...
abraços
Mais uma vez... há algo de épico neste poema.
Evolução que termina em fogo?
Como gostei!...
.
[Beijo]
A metáfora. A inquietação de um tempo de espera do tempo que tarda.
Magnifico!
Uma exortação. Uma esperança persistente, apesar de tudo. Um acreditar na possibilidade dos caminhos se desbravarem.
E tão bem dito/escrito/sentido! Bravo, poeta! **
Heróis - dizem-me - estão gastos.
e os deuses?
.
.
.
.
.
.
.
Que o silêncio me embale,
nesta noite
em que falta
o abraço quente de um amigo...
Enrodilho-me nas asas do meu anjo invisível.
- Anjo,
cantas-me uma canção?
Beijos
e
abraços.
Excelente poema
Saudaçõe amigas
Hum..
Surpreendida na frescura do húmus fecundo. Golpe perfeito. Gostei muitíssimo. digo-o porque é verdade.
beijo
Um ótimo poema!
Beijos de luz e uma semana FELIZ, meu amigo...
Entretanto meu irmão
aqui estamos
em riste e carne viva
a resistir
Mais um excelente poema, meu amigo. Gostei da esperança: "No entanto sei que o esplendor das coisas possíveis
E a decantação das horas. E o perfume das madrugadas
Se alimentam desta espera. E desta teimosia."
É isso. Só assim conseguimos salvar-nos...
Um abraço
heróis...estão gastos, mas na maceração das horas perdemo-nos nos escombros dos dias...adorei ler
beijos
... quase épica esta tua sensível veia de poeta!
Imensamente lindo!
Um beijo
A desbravar caminhos
sempre
heréticos
Heróis? Tazes-me à memória o grande José Mário Branco...
Um resto de noite muito bom.
Especial o sentido deste título que escolheste para este teu poema tão forte.
A teimosia pode ser uma virtude...
Virtudes, aliás costumeiras, encontro eu neste excelente poema.
Abraço.
Se aceitares, tens flores para ti lá em casa.
Bom dia.
Olá Herético!
Este poema tanto serve para os dias que correm, as agruras, as sementes,
esperemos
Stella
é isso, Amigo: nos versos (teus e de tantos) a certeza que a barbárie jamais vencerá. mesmo sendo hegemônica por um tempo que insiste em sobreviver à memória.
os "senhores" da guerra não passam de escravos da ignorância. envenenam a própria água que bebem e moldam grilhões de ouro e petróleo, para si mesmos... infelizmente nos arrastam com eles...
contudo, não têm como nos tirar a força das marés:
versos teimosos
a esculpir
na rocha da indiferença
e do escárnio
a delicadeza da flor,
o brilho das estrelas.
um abraço fraterno e solidário, Amigo.
Um poema épico, uma força que se não aquieta, que não dorme, que não cede perante o que é "sacramentado" ...
"Heróis - dizem-me - estão gastos.
(...)
No entanto sei que o esplendor das coisas possíveis
E a decantação das horas. E o perfume das madrugadas
Se alimentam desta espera. E desta teimosia.
(..)E nestes cardos que os ventos soltam em redemoinho.
Como espinhos..."
Ler, reler e sentir. E desejar que as vontades se não verguem perante ventos adversos. Que a poesia seja, hoje e sempre, a força que nos cinge e nos impulsiona, rumo às ruas, "tais torpedos quando rios
E flâmulas se incendeiam..."
Rubras sejam as ruas. Hoje e sempre. No vermelho do sangue de gente que sente!
Talvez dos poemas mais fortes que li nos últimos anos! Vou guardar, Herético, se me permite.
Um abraço da Mel
heróis estão gastos (a grande verdade).
mas vão sempre aparecendo...
( não a razoável pequenez dos sesesesessssss sês
quis tudo tudo ou nada nada
e ?nada
ainda aqui e de novo,
BEIJO
Espera e teimosia. Nunca foram tão necessárias. Poema primoroso!
Um abraço!
Vivemos suspensos do encanto das coisas possíveis... essa é a nossa esperança.
Enviar um comentário