São de bruma os tempos e de barcos
Destroçados...
A Coruja de Minerva em voo nocturno
Agita-se nos pináculos
E os escravos nas galés embandeiram seus gemidos
Como hinos...
São de bruma estes tempos...
Apocalípticos...
Cães devoram-se nos restos
E os sacerdotes queimam as vestes
E cobrem-se de cinzas
No interior das praças...
E a cidade treme...
São de bruma os tempos!...
Nos céus baralham-se as estrelas
E as bússolas
Rasgam o norte no ventre das pedras
E na sede dos homens
E nas sarças
E no cume das montanhas...
São de bruma os tempos!...
E no olhar azul da criança famélica e nua
E na enxada de esperança
E nas torrentes profundas da memória
E nesta safara...
E no sol encoberto ainda desta aurora
E no vento de todas as profecias
E na insubmissão do grito
E ardor de todas as batalhas.
Planto a dor de minha árvore e minha palavra
Avara...
E a fecunda claridade dos tempos...
........................................................................
Um breve intervalo. Regresso logo, logo...
Beijos e abraços.
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25 comentários:
Heredito
São de bruma estes tempos. Mas, por entre a bruma, a força dum poema pode deixar um rasto de luz.
Abraço
chove chove em mim secamente
raspanete de deus ladainha tridente
[ messa di voce raining balls
e onde fica a esperança?
Façamos dos tempos de bruma yempos de luz e sol, muito, tanto sol!
Aceite o intervalo. :)))
Até logo, logo.
Beijos
A bruma non permanece quieta móvese e desfaise no aire, móvese co vento...
Unha aperta.
:)
Sim, são de bruma os tempos...
Planto também " dor de minha árvore e minha palavra
Avara..."
Um abraço.
Gosto muito, Herético.
belíssimio e actualíssimo...meu caro, herético...não demores...
abraços
Que se levante a bruma o mais depressa possível e os tempos se apaziguem.
beijo
São de bruma, mesmo. Descobrirá o sol, nestes tempos? **
vai e volta.
Sempre muito bons os teus poemas!
.)
A avara palavra, quiça a mais preciosa.
no intervalo te lemos.
Volta breve!
Se publicasses um livro, corria a comprá-lo. Poemas de dor e revolta, ao meu jeito.
"São de bruma os tempos!..."
Tens razão
é preciso
mudar este ciclo de marés
Brumas brumas
vá poeta pega na faca
e rasga-lhe o ventre
Poeta,
e a esperança
e a garra de mudança
onde estão?!
estão aqui, neste soberbo poema e noutros gritos que virão, pois então...
bom fim-de-semana
um sorriso :)
mariam
mariam
Bem... depois deste excelente poema mereces o intervalo...
Enquanto isso, nós, os escravos, continuaremos a remar para manter as galeras no seu rumo...
Abraço.
Espantoso!
Como se fecundasses a esperança com o poema.
as profecias dizem que ha um tempo de vacas magras e outro de vacas gordas. já vivi esses tempos alternados.
beijinhos
Volta da bruma.
Traz a claridade.
Que uma sem outra não tem sentido.
:)
São de bruma os tempos. Que a (tua)palavra os ilumine.
Um grande abraço.
São de bruma os tempos..e de cinza e de dores, também.
Regressa rápido, que a tua luz é muito necessária!
Um abraço.
Se não fosse pela "E na insubmissão do grito / E ardor de todas as batalhas", acreditaria que era o fim dos tempos.
Poesia atemporal.
Um abraço!
brumas de ciclo lento
[ dor de ser
neste tempo
beijo
~
O BAR DO OSSIAN agradece o apoio.
Bem-vindo!
Abraço lusitano!
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