1 - “O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens.”
2 – “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espectáculos. Tudo o que era directamente vivido se afastou numa representação”.
3 – “O espectáculo não pode ser compreendido como o abuso de um mundo da visão, o produto das técnicas de difusão massiva de imagens. Ele é bem mais uma Weltanschauung tornada efectiva, materialmente traduzida. É uma visão do mundo que se objectivou.”
4 – “O espectáculo submete a si os homens vivos, na medida em que a economia já os submeteu totalmente. Ele não é nada mais do que a economia desenvolvendo-se para si própria. É o reflexo fiel da produção das coisas, e a objectivação infiel dos produtores”.
5 – “A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente degradação do “ser” em “ter”. A fase presente da ocupação total da vida social pelos resultados acumulados da economia conduz a um deslizar generalizado do “ter” em “parecer” de que todo o “ter” efectivo deve tirar o seu prestígio imediato e a sua função última. Ao mesmo tempo, toda a realidade individual se tornou social, directamente dependente do poderio social, por ele moldada. Somente nisto em que ela não é, lhe é permitido aparecer.”
Guy Debord – in “Sociedade do Espectáculo”
segunda-feira, dezembro 08, 2008
Palavras Outras - Guy Debord
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22 comentários:
Gostei muito.
Gostei muito deste texto de Guy Debord. Realmente na sociedade em que vivemos, mais importante do que "ser" é "ter" e "parecer"...
Um abraço, amigo.
Interessante. Mas, pergunto eu, como escapar a essa alienação da sociedade do espectáculo? É que as soluções dadas por Debord parecem-me "intelectualmente" muito interessantes mas de pouca aplicabilidade, mesmo para quem acredita que pode viver à margem da sociedade dominante. Para sobreviver (em vários sentidos) regressa. Ou não e não sobrevive (como foi o caso dele).
Quem não aparece não existe. E depois? Que importa? Há mais mundo para além do espectáculo.
Isto é só um desabafo. Quem dera que não importasse!
Pois! Conta muito a fachada...
:)))
Herético
Como não concordar com tão bem fundamentada dissertação?
Isso do "ser" se transformar em "ter" é a perdição das sociedades modernas. Porque não podemos materializar os afectos e eles perdem-se. Porque não podemos materializar valores como a justiça e a liberdade e eles são abafados.
Porque não podemos materializar a felicidade e ela é subalternizada.
abraço
olá simpático. vens?
loulou
O texto é peremptório.
Não há discussão possível porque é tão verdadeiro como o ar que respiramos.
Gostei de ler, obrigado pela partilha.
Abraço.
O espectáculo -nao- deve continuar.
Até nas plateias se representa
O único reparo é não teres acrescentado um homem tão bonito quanto a senhora, rrrsss
Fica bem.
Com este texto fiquei a pensar ainda mais sobre coisas em que tenho andando a pensar...
Bjs
Fiquei-me pelo 1)!!!
Deve ser por isso que sou-sinto tão anti-social.
Bj
(imaginas qual a palavra para verificar? não? ... é "dandi"!!! ainda hoje nem tinha brincado, só coisas sérias.)
Levaram o teatro para casa.
Ensaiaram longamente.
Mascararam o rosto com um sorriso.
Em gesto largo, esperaram o aplauso final...Mas os objectos, mudos, inanimados, nunca bateram palmas.
Beijinhos
Um espectáculo triste.
Abraço.
A mulher tem piada...e o espectáculo vai continuar...É isto O Mundo?...que Deus lhes perdoe..
Abraços
na vida, na morte, o espectáculo...
este fabuloso texto diz tudo. O ter e o parecer que se sobrepõe ao ser!
beijos
conhecia o texto.
poderosíssimo.
como sair?]]
beijo
Mesmo depois do pano descer...
Fantástico.
Beijinho*
The show must go on!
No palco, na tela, nos textos, na vida real..tudo serve para Ser e Parecer, ou apenas Ser!
Gostei do texto...embora pela aparência...
reticências...
Abraço
Mariz
um abraço.
.
discreto.
simples.
. que seja um dezembro bom.
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