Talvez este regresso seja voo de milhafre
Planando contra o vento.
Ou estultícia em filtrar o tempo
Em meus dedos...
Talvez seja vertigem. Talvez pequenas coisas
Em profusão descendo como os braços do salgueiro.
Ou moinhos em canto d´água.
Ou a pedra da soleira...
Talvez o eremitério seja a brusca passagem das horas
Já passadas. E murmúrio de oração em lábios já finados...
Talvez mulheres de negro embiocadas
Penélopes sem viagens. E epopeias de silêncio...
Talvez as cálidas mãos dos homens. Agora
Pousadas sobre a mesa e o pão repartido.
E a criança atónita espreitando o ritual do vinho
Nas gargantas ressequidas.
E o delírio da festa. E as colheitas...
Talvez os corredores da memória
Sejam espaço afadigado em estertor de ave
Já sem ninho. E que no entanto teima o calor das penas...
Talvez o vento se solte em novas profecias.
E todos os rostos venham em coro
Entoar bênçãos em teu nome.
António...
sexta-feira, dezembro 05, 2008
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38 comentários:
A terra e o que vem da terra.
As raízes... o repartir o pão...
... e as colheitas!
E a raíz!
Tão bonito...
Beijos
Um cântico de louvor e esperança.
Uma beleza, um conforto.
Abraço.
Que entre as profecias desse vento sem rédeas se cumpra a de eu assistir ao lançamento de um teu livro de poesia!
Bom fim de semana.
Deixo-me vogar nas palavras, aproveitando a onda de esperança e todos os "talvezes"
Herético
"Talvez o vento se solte em novas profecias."
Quem sabe?
Confesso que tenho medo. O teu poema sugere um quadro que talvez não estejamos preparados para encontrar.
Abraço
:))))
"Talvez as cálidas mãos dos homens. Agora
Pousadas sobre a mesa e o pão repartido."
Talvez...
Talvez seja a vertigem das palavras. Talvez seja a epopeia do silêncio. Talvez... Belo, este poema. Um abraço
Pois... talvez o vento.
Que palavras bonitas, as tuas, aqui.
Obrigada.
gostei...
beijos, querido herético.
Poeta... H.
Senti uma leve e serena saudade...como uma brisa matinal onde a terra se renova, depois da noite acordar...
Senti uma doce despedida, proferizada num rosto de criança, no pão e no vinho.
Senti isso...
ou António regressa de uma longa ausência?!...
posso estar redondamente enganada, mas senti que podiam ser ambas as situações.
E com que imagens da leitura fiquei...!
Ab.
M.
(qd puder... passe; verá porquê)
Tão bonito, também, este poema!
Muito bonito...
Parabéns.
Beijinho*
A vida parece ser
rito(s) de passagem...
até à prova derradeira
do guerreiro...
Que seja uma vida boa
... a do António
A tua
também.
.
[Beijo...@]
Maravilhoso, meu caro herético.
Poesia profunda...
abraços
talvez seja tudo isso ou, simplesmente o desejo de.
um beijo
O melhor vento
precisa de um sopro
para repartir o pão
Na tua poesia
colho mais que palavras
sigo um caminho
Primeiro, o que deve ser primeiro: linda criança, suponho que seja o António a quem o poema é dedicado. Teu neto? Parabéns! Para ti, por ele, e para ele que guardará de herança os poemas belos que o avô lhe faz.
O poema e todos os "talvez" que te perguntas a ti próprio é belíssimo no seu olhar sobre um momento da vida. E que as bençãos sejam abundantes e infindas para o António! **
Sorriso
Repousa um poema a tilintar
nos lábios de uma criança.
Em seu olhar o sol
espreita
e a rima acontece
quando sorri.
Um abraço amigo.
caro herético,
se sentimento de tranquilidade este lindíssimo texto me transmitiu.
belo blog...que bem que se está por aquí.
=)
Com a imagem agora colocada, o poema torna-se diferente...embora o que
senti dele fosse verdade; porém bem mais perceptível pelo crescendo som frágil, dócil, e promissor foco de criança.
-------------------------------
Penso que saiba a quem me referia,embora já tivesse apagado o comentário anterior.
Abraço
MAriz
"porque hoje é sábado..."
Mas parece-me que ao avô também fará falta um babete. Antes usá-lo com a razão de fundo que é um neto do que pela senilidade a que tentamos escapar... :-))
Da primeira vez que aqui vim não vi a fotografia. Tão engraçado que o António é! E parece determinado...
a importância de ser "António". talvez Gedeão... talvez detentor da "Pedra Filosofal".
...porque enquanto houver uma criança tudo faz sentido, a luta faz sentido. todo o sentido.
Abraço
Mel
Um "Pendulo" de badaladas fortes e vibrantes...
Parabéns!...
Alvarez
vibrante este vento que se transforma em doce brisa...com o correr das palavras
beijos
Pois eu aqui d meu canto acho este lindo poema um hino de amor à vida a manifestação da esperança que tem no António um lindíssimo motivo!
[Se forem precisas mais babetes, abro um concurso lá no branco...]
Parabéns!
:)))
o António.
lembro-me muito bem: no ano passado, andares todo "babado" porque ele tinha chegado.
está porreiro o puto. giro.
talvez, ele tenha a sorte de olhar o mundo pelo lado bom. se houver um...
espero
Este é o "mundo" que todos nós deveríamos querer para Antônio e todas as outras crianças. Muito bonito!
Um abraço!
P.S.: alguém aí insinuou que o Antônio é seu neto. Com mil raios! Já é avô, camarada? :)
Sabes qual é a palavra para verificar? Nunca tal tinha acontecido ... "ciume", assim sem o nosso ú. E é mesmo o que sinto, desse andarilho que teima o calor bom das penas ...
tâo lindo, tudo!
A frase a seguir...que piada "cingeo"... e por isso cinge-o ao peito como pequena ave, muito perdidamente, dando-lhe o mundo possível, o que sonhámos mais igual.
Há coincidências?
Bjinho
Belo poema
Saudações amigas
Quem assim poema é um homem que vive com a intensidade com que esta passagem breve deve ser vivida.
António, o avô, tem de publicar os seus poemas.
Beijos
Desculpe, mas ando com pouca inspiração.
Bom dia para si.
Estas coisas pequeninas fazem lembrar-nos de nós mesmos quando também o fomos. E assim amamo-las e a nós mesmos.
Bençãos ao António!
Stella
Talvez o vento se solte em novas profecias...
Talvez...
Houve um tempo (longo, tão longo, quase o tempo todo que é a conta da minha vida) que a ideia de "talvez" me matava a esperança. Agora o tempo é outro e eu outra serei e creio que é mesmo isso,
Talvez o vento se solte...
belo nome de belas
letras de
muito bela
criança :)
BEIJO
:)
como eu, no mesmo ritual
passo
deixa-me voltar amanhã assim mais repousada.
Hoje deixo-te um beijo
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