Magnânimo, o Secretário Geral do PS, Eng.º José Sócrates, percorre o País, distribuindo rosas, que é como quem diz, anunciando, em campanha interna no seu partido, que se propõe como Primeiro Ministro, qual Robin dos Bosques, tirar aos ricos para dar aos pobres, aliviando, de uma penada radical, o peso da carga fiscal sobre a chamada “classe média” em almejado propósito de melhor distribuição da riqueza produzida, no quadro do imposto de rendimento das pessoas singulares (IRS).
Escolheu bem o palco, o emérito Secretário-geral. De facto, o País há muito deixou de acreditar nas suas promessas, tantas são aquelas por cumprir. E, assim, se a intenção, ora proclamada, pode causar algum frémito ou tremor de alma em hossanas festivos, será apenas na devoção fidelíssima de algum militante que, em tempo de congresso, faz suas contas pessoais no deve e haver partidário, pois que, em termos gerais, o restante País recebeu a intenção com uma gargalhada. Merecidíssima, aliás!...
Alguém poderá levar a sério esta pulsão igualitária do Eng.º Sócrates depois de anos consecutivos de governação a acentuar as desigualdades económicas e sociais? A havê-la, teremos então que dizer que é uma pulsão um tanto ou quanto serôdia, pois na realidade, ainda recentemente, com a revisão orçamental, teve excelente oportunidade de fazer aprovar no Parlamento essa medida de justiça fiscal. Fizeste-o tu, leitor?!... Ora, ora...
Mas vem agora, passados escassos dias, o Eng.º Sócrates a apelidar tal medida de justiça fiscal como verdadeiramente “nuclear”. Vivemos, assim, em glória no império do verbo, que a consequência, no domínio dos factos, deixou há muito de contar para este governo.
É certo que o Primeiro-ministro, mantendo o principio de tirar aos ricos para dar aos pobres, se apressou, a esclarecer no Parlamento, que se trata de uma proposta partidária, a ser debatida no seu partido e na sociedade, tendo em vista acertar os pormenores técnicos e a fazer as devidas contas. Pois é bom que as faça, porquanto há quem já as tenha feito (Editorial do “Público” de 10.02.09.) e o que resulta apenas faz aumentar a perplexidade pela eloquência vazia do propósito.
Assim, se a medida for referida aos rendimentos do ano corrente, apenas em 2010 poderá ser aplicada, o que significa que apenas em 2011 terá incidência no rendimento das famílias. Convenhamos que, como medida nuclear de combate à crise, como a realidade exige, tem o seu quê que se diga...
Mas não será tudo. Fazendo fé na fonte citada, verifica-se que apenas um por cento dos agregados familiares declaram, em sede de IRS, rendimentos brutos superiores a cem mil euros, (escalão considerados dos mais ricos) e o montante do imposto pago por este escalão significa apenas 0,2 ou 0,3 por cento do que o Estado arrecada com este imposto.
E, se por mero exercício mental, esse montante retirado aos “ricos” fosse distribuído pelos “pobres”, isto é, aos agregados familiares que ficam imediatamente abaixo do plafond dos cem mil euros até aqueles que têm apenas um rendimento bruto mensal da ordem de mil euros, verificaríamos então que seria devolvido a cada família a “opulenta” quantia de 4,5 a 5 euros por mês...
Uma fortuna, convenhamos. Para Robin dos Bosques não está nada mal, não vos parece?!...
Esperemos (esperançados) que o conclave socialista avalize semelhante política de retribuição da riqueza, “modernaços” que são no seu socialismo. E que, se a língua lhe chegar a tanto, algum militante menos timorato, regresse à sua matriz socialista e, com o rosto coberto de vergonha, proclame que a “montanha pariu um rato”...
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Entretanto, como os bons espíritos se encontram, é provável que o Eng.º Sócrates, na pele de Robin dos Bosques, em suas andanças pela floresta de Sherwood, tropece, por lá, com o casal de coelhos do senhor Francisco Louça, em afadigado “truca-truca”, no processo de auto reprodução espontânea. E esse seja o “quid”, o rasgo, a revelação inspirada para a questão do nosso deficit de investimento e do nosso desenvolvimento...
Nada de esmorecer, portanto: a Pátria está em boas mãos, como se constata!...
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
O Robin dos Bosques e os coelhinhos...
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11 comentários:
Pobre Robin dos Bosques: deve corar de vergonha ao ver o seu nome misturado nesta palhaçada sem fim à vista...
Dorme bem.
Estamos a assistir a um filme de (des)animação, não estamos? Eu hoje chamo-lhe "OS INSUPORTÁVEIS".
Crónica sagaz, como sempre.
De mestre a tua prosa!
Que mais irá sair da cartola?!...
Beijinho*
Robin regressa estás perdoado
Nos comícios do p.s. terias muita
para dizer e corrigir.Quanto
a Sócrates - obviamente - sacavas-
-lhe o máximo.
Gostei do sarcasmo...
Um abraço.
Ai, parece impossível, o senhor está a chamar mentiroso ao nosso primeiro? Credo, sinto-me ultrajada... :))
Perfeita prosa cheia de ironia, à qual nem faltam os coelhos do Louçã... é caso para dizer que matas dois coelhos de uma cajadada só! :) **
Eu gosto mais do Robin dos Bosques verdadeiro. Este parece-me assim uma imitação barata... :) Mas os coelhinhos... acho que o Louçã se enganou, agora estamos quase no Carnaval, não na Páscoa. :))
Beijos e bom fim de semana.
robin dos bosques, coelhinhos...
fazem-me lembrar os títulos das historinhas que a tia Lígia me conta !!!
Chuac!_
Oremos, amigo, oremos.
Mesmo eu que não sou crente reconheço que é preciso muira oração porque penitência já temos até demais.E marketing político (do mais pobre e próximo da fantochada) isso é às mãos cheias.
Fazia-nos falta um Robin Hood a valer. Um que não usásse esta designação para capitalizar nódoas.
Abraço
Abraço
EM OUTRS TEMPOS SERIA" SÃO ROSAS SÃO ROSAS SENHORA" AGORA SÓ ESPINHOS, AS ROSAS MURCHARAM
SAUDAÇÕES AMIGAS
não tinha pensado nas coisas deste ponto de vista.
malditos asnos.
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