sábado, fevereiro 21, 2009

VIVÓ O CARNAVAL!!!...

O professor da mula ruça
Decidiu mostrar a dentuça
Que como mestre de direito
Andava contrafeito
Do poder não lhe ir à mão...

E afoita-se então e lampeiro:


“Eu sou um gajo porreiro
Vamos lá na procissão!...
E se Paris vale uma missa
Sou de família benquista
Porque não eu, porque não?!...”

“Quem se lembra hoje em dia
Do bolor da sacristia?!...
Ora essa cum ca(e)tano:
Isso foi em tempos outros
Todos nós somos rebentos
Filhos uns, outros não tanto
Da alegre revolução!...”

“E meu gosto pelo teatro
Me dá o desembaraço
De bastidores e de cenários!...”

"Socrático sou eu que baste
Jesuíta mais ainda
Que não dou inda por finda
Esta peça que encenei
Em apoteose final
Neste pobre Portugal
Quem tem um olho é Rei...”

“E se p´ra provedor eu não sirvo
E a presidência voou
Depressa me dispo e sigo
Que sempre algo persigo
E o parlamento europeu
Vem caindo ora do céu
Para gosto e prazer meu"


O País então cai de queixos
E em toada geral:


-“ Quem não for, fica p´ra traz
Já não há seitas do mal
Hoje é tudo bom rapaz!
E no dia aprazado
Desfraldaremos bandeiras
Esquecendo velhas canseiras
- que Deus seja louvado!...”


... e p´ra frente, Portugal!
..............................................................


Divirtam-se, que tristezas não pagam dívidas!...
Até breve...

28 comentários:

Maria disse...

Já valeu para me rir hoje...
Bom fim-de-semana

Beijos

mdsol disse...

Muito engraçado rsrsr
:)))

jrd disse...

Gostei mais do poema do que do resultado e estou com cara de quarta-feira de cinzas.
Abraço

Mar Arável disse...

Gosto do carnaval na época com

máscaras de papelão

o de todos os dias

não me faz rir

Foste como sempre

assertivo

Eme disse...

Do carnaval de "antes" para o de hoje, o humor agora soa mais sórdido e é de ranger os dentes. Riam-se todos muito durante três dias porque o regresso que se lhe segue é sempre ao lamento. Não há folia que nos valha.

Beijo.

Frioleiras disse...

Adoro o Carnaval e... não perco nenhum...

Frioleiras disse...

(tristezas... nãopagam dívidas!)

Mare Liberum disse...

Amigo, fizeste-me lembrar um tal ourives(?) do século XVI que em verso cantava os maus costumes daqueles que deviam ser exemplares.E assim os arrastou para um infernal batel.
E relembrando a barca infernal te desejo um bom Carnaval.

Bem-hajas!

Beijos

vida de vidro disse...

Bem ao jeito picaresco e pleno de crítica mordaz tão tipicamente português. Afinal, é Carnaval... :)
Beijo e bom Carnaval.

Tinta Azul disse...

E vivó Carnaval...

mundo azul disse...

________________________________


Muito criativo o seu poema!!!

Gostei!

Beijos de luz e o meu carinho!

__________________________________

Graça Pires disse...

Divertidíssimo!
Boa disposição, amigo-

Licínia Quitério disse...

Vivóóó!!!

Passa bem e diverte-te.

Arábica disse...

E o que é que o benfica faz aqui no meio da história, de resto tão bem contada? :)


Um beijo, Heretico.

mariab disse...

ah, o senho herético entrou no espírito do carnaval... :)) afinal, este é mesmo um país de carnaval. pena que seja o ano todo...
beijo

dona tela disse...

Ah o senhor é divertido... Faz muito bem, digo eu que também sou.

Mel de Carvalho disse...

“Quem se lembra hoje em dia
Do bolor da sacristia?!...
Ora essa cum ca(e)tano:
Isso foi em tempos outros
Todos nós somos rebentos
Filhos uns, outros não tanto
Da alegre revolução!...”

Ah, pois é!!!

Esta é de se lhe tirar o boné,
aos fidalgos da nação.
Os que batendo com a mão no peito,
se esqueceram de quem são,
E do povo pois então, e de como
como se (de)fuma
o chouriço, as alheiras e salgado presunto.
Inchados que nem perus na antevéspera de Natal
mantém, que se presuma,
ali a jeito e a preito, o gosto de
nos trocar a cor do sangue das veias,
o pé de valsa pelo saque ao que resta do de meia,
e, sempre nos vão enrolando
na divina circunstância de que fino hoje em dia
é enrolar tabaco ou fumar da caixinha de rapé...

Dá estatuto e condição!

Rappe o sacro, vá de retro ...

que eu sou analfabeta, professor da mula ruça,
mas tenho aqui por perto
um alicate de grifos para lhe arrancar a dentuça!!!
___
Caro Heretico, desculpe lá, deu-me para isto. É do Carnaval!

Divirta-se
Cumprimentos
Mel

Jorge Castro (OrCa) disse...

dos magalhães aos professores achincalhados
eu canto a socretina pepineira
em que vamos decaindo de maneira
que mal damos por nós já de tão sedados
e nem falha já Courbet na velha Braga
censurado por falhados pais da tanga
que perdidos neste mundo de fuçanga
decidiram também dar corpo a tal praga
razão tinha Junqueiro aos hipopótamos
gritando: ó Humanidade, enxota-mos!


;-»

Maria Clarinda disse...

Obrigada pelos momentos de boa disposição que me trouxeste.
Jinhos mil

Nilson Barcelli disse...

Versos muito divertidos, apropriados à época que agora acaba em cinzas...
Bom resto de semana, abraço.

C Valente disse...

Muito bonito deu para sorrir e isso é bom
Saudações amigas

SILÊNCIO CULPADO disse...

Herético

E assim se tempera o aço: rindo e brincando na folia.
O País está modernaço
para viver à revelia
e bom para quem é ricaço.


Abraço

Maria P. disse...

Só mesmo por aqui:)

Beijinho*

casa de passe disse...

bom, é verdade tristezas não pagam dívidas e por vezes nós é que as fazemos dentro das nossas cabeças. (as dívidas não, as tristezas).

Ernesto, o avô

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

fez-me sorrir.

beij

tolilo disse...

eu fui com a tia Lígia a uma festa vestido de mickey...


Chuac!_ tio Herético !

Oliver Pickwick disse...

Isto é mau. Não, não me refiro à poesia, mas à ode ao carnaval. Por enquanto o risco ainda é pequeno para vocês, pois o carnaval português se comparado ao do Brasil, é irrelevante. Aqui, este evento que paralisa o país por uma semana, é o maior esquema do mundo em direcionar votos, anestesiar o povo para as mazelas e alienar a juventude.
Também a frase "p'ra frente...", no nosso caso, Brasil, é de triste lembrança. Foi encomendada pela ditadura militar no começo dos anos 70 para título de uma alegre marcha onde ufanava-se o crescimento brasileiro à época - acima de 10% - feito à base de investimentos originários de grandes empréstimos do exterior.
O pagamento desta fatura foi doloroso.
No mais, a sua poesia me lembrou os versos satíricos do baiano Gregório de Matos - de alcunha Boca do Inferno - advogado e poeta como você, escritos no século XVII.
Um abraço!

Alvarez disse...

"Boa malha" caro Herético!...

Abraço e bom fim de semana!...

Alvarez

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