Confesso o meu embaraço perante locais desconhecidos, mas fazia tempo que alguém me falara naquele espaço; eu prometera...
Cá fora, coalhados pelo barulho do trânsito, sons de música familiar: pareceu-me ouvir "velhos" clássicos de jazz...
(... e a irritante chuva miudinha despertou em mim uma sede antiga de cumplicidades inesperadas e inconsequentes prazeres.)
Empurrei o guarda-vento – “alea jacta est!...” - disse para os meus botões!
Lá dentro, a luz difusa, quebrada pela intimidade das conversas e por uma gargalhada feminina...
(...meu Deus, aquela gargalhada! há quanto tempo fora,que ainda hoje desperta vibrações tão intensas no mais íntimo de mim...)
Afastei com um gesto uma gota de chuva dos cabelos rebeldes,
- (agora em novelo de fios prateados) - como quem exorciza recordações e fui sentar-me ao balcão..,
O Bogart, irónico, fita-me dos braços da Ingrid Bergman, num cartaz desbotado do filme “Casablanca”!... Ao canto um velho piano... Não resisti. Puxei do whisky e atravessei a sala. Desafinando, soltei as primeiras notas : "you must remember this..."
Sinto o perfume e o envolvimento doce de uns braços. E carícia de uns cabelos ruivos, afagando-me o rosto : - "Com estás, Manuel! há tanto tempo!..."
(Devorei-te, num sorriso!...)
sábado, março 14, 2009
“Play it again, Sam...”
(... entro, não entro?!...)
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23 comentários:
You must remmber this...
Os filmes das nossas vidas.
...a beautiful friendship!
E veio-me à ideia A Rosa Púrpura do Cairo.
Um beijo.
e eu devorei-te numa leitura! :)
E eu acredito...
Um beijo
Então tá. E muito bem!
:))
Intimidades...
E depois foi tempo de constatar que "We'll always have Paris" ? :)
Gostei de relembrar o ambiente de Casablanca... à portuguesa. **
lembraste-me um filme que adoro. também adoro reencontros inesperados... dos bons, claro!
beijos
sempre muito bom o que escreve, seja qual for o registo.
fica um abraço fraterno
boa semana
Mel
Olá, caro amigo!
Obrigado pelo
"verde foi meu nascimento
e de luto me vesti
para dar a luz ao Mundo
mil tormentos padeci"...
É coisa, até, para colocar à laia de citação, no meu soneto ao azeite.
Um abraço
...reescrever o tempo.
"and she remember".
Há homens de sorte, rsss
Beijo e boa semana
Hum...está bem...
:)Beijinhos*
Nostalgia serenamente navegada. Que bem nos faz ao ego, uma vez por outra...
Abraço.
Reviver emoções pode trazer(-nos) o estrelato.
Da felicidade.
(Entramos, não entramos?!...)
Esse encontro à portuguesa (como diz a Vidadevidro)tem um sorriso... que Bogart não tinha.
Uma escrita belíssima, no tom certo...
Um abraço
Está melancólico, amigo. A música, os filmes trazem-nos sempre a memória de outros tempos, de outros lugares, de outras pessoas... Gostei muito do texto. Um abraço.
Como diz a minha querida prima; um estado melancólico onde, acrescento, a saudade se apresenta.
No fim, que para mim é o que interessa pois estou-me nas tintas para os estados melancólicos dos “mentirosos” da Net; uma boa história, muito bem escrita e que se lê com prazer.
Creio que devias apostar mais neste registo.
Abraço.
Gostei muito. Versatilidade uma vez mais.
e de repente
quebrou a fobia social e
entrou <----
a.
and... I remember :))))
bem que no outro cenário, me parecia familiar...
se estiver errada, sorry!!!!
gostei (muito) de ler :)
um sorriso :)
mariam
Fiquei a pensar "no mais íntimo de mim"...
.
... à flor da pele?
.
[Beijo...@]
enternecdor...sagesse, piano, amizade e estar bem com a vida...
faz falta de x em quando...
abraço
Hum, depois dos artigos políticos e econômicos, da poesia, estreia agora em um novo gênero, o da ficção. E, com talento singular. O Saramago que se cuide!
Um abraço!
P.S.: ainda que autobiográfico, tecnicamente é classificado como ficção (não tenho culpa);
P.P.S.: Rapaz, recuperei de algum lugar perdido na minha mente, o termo "guarda-vento". A última referência que tive à esta palavra foi na minha infância.
Desconfio que andou fugindo do Torquemada. :)
Incuráveis, os românticos.
Nem o Tempo, nem a Vida, nem o Vento... lhes modifica o interior. Uma canção, uma palavra, um gesto de mão.
Bjinho
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