Em noites
brancas e circulares da insubmissão do sangue
Basta saber escutar
para ouvir suas loucas cavalgadas.
Voam distâncias.
Nuas. Apenas cobertas de luar
E a vergasta dos
cabelos. Que frenéticas sacodem
Em risos
colossais e esgares que ressoam
No eco das
montanhas
Quais trombetas...
Evitam encruzilhadas.
E em magotes se apressam
E se juntam no
destino. Em círculo debaixo dos salgueiros.
E cantam e
dançam sacudindo as ancas.
E se mimam...
E com furor nas
gargantas gritam. E em êxtase tremem.
E se agitam. E se
abraçam. E se incendeiam
E se cobrem de
cinzas.
E invocam as
Trevas. E num trovejar de fogo e ritmo
Soberbas erguem o
símbolo fálico. E o momento de glória.
E encenam-se no simulacro. E no sarcasmo.
Algumas se
penetram. E em delírio
Se esgotam. Em sobressalto...
E se banham. E perfumam
os corpos...
E trocam seus unguentos. E colhem o orvalho
E os fios de luar com que tecem
Seus filtros.
E dulcificam o
canto. E solenes se dobram
E iniciam as
virgens com dedos de prata e lume
No mistério do
sangue. E do mênstruo.
E louvam-se filhas
de Gaia
E de Eros...
E quando a Lua
esmorece. E o Oriente se anuncia
Tingindo o céu. Luzem
então as armaduras frias
E regressam aos
leitos. E desfolham
Açucenas. E espalham os cabelos
No peito alquebrado
No peito alquebrado
Dos guerreiros...
Basta saber
ouvi-las – as Valquírias!...
Manuel Veiga
5 comentários:
Bela e poética lição de mitologia germânica - que é linda!
(Já te disse que escreves MUITO BEM?!....)
(Acabei de fazer um comentário ao poema anterior que não sei se ficou registado... naba!!!)
Beijinhos, Poeta!
Um belíssimo poema onde sobressai uma escrita mítica,livre, erótica.
Ao mesmo tempo esta sensualidade das Valquírias não as deixa perder a inocência perante os guerreiros mortos. Tu o dizes: "E regressam aos leitos. E desfolham Açucenas no peito alquebrado dos guerreiros...
Gostei mesmo.
Um beijo, meu amigo.
Belo como sempre
Na verdade é preciso saber ouvir
também as Valquírias
Abraço amigo
Gosto de te ler em poemas, exuberantes, sensíveis !
Sempre ou quase sempre o erotismo... que vai lindamente com poesia.
Mitos, florestas do centro Europa, espaços de valquírias e guerreiros.
Beijo
Mesmo que a 'imagem' me fuja para um atoleimado texto que escrevi, a propósito dos nórdicos, dizendo que 'as Valquírias eram umas senhoras imensas, tipo Madame Castafiori, a amiga do nosso conhecido Tintin, que usavam uma malha amarela e tinham o peito enorme sempre atafulhado de árias de Wagner', bom, tirando isso, as tuas épicas Valquírias são uma soberba peça poética.
Abraço, amigo!
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