Na devoção do
nome a frondosa graça
E a sagrada
árvore. E o interdito fruto
Que se desprende
Letra a letra em
poema
Singular...
Que o poeta
colhe
Em lábios
gretados de silêncio
E lume. E fome
de mar...
Sem ao menos um
queixume
Pois pastor de
desenganos
Apaga a voz. E teima
– serpente em chamas!
Vã que seja a espera
E os perigos que
afeiçoa...
E nas escarpas
do Desejo acende o sangue
E a palavra arde
E recolhe-se oficiante
e monge
Ao culto que
celebra
Pagão e puro...
Bem sabendo
Que o marulhar do
eco
É azul perene
Breve que seja a
espuma e a cinza
Em que murmura o
hino...
Ou a ara em que
se imola...
Manuel Veiga
12 comentários:
É o verbo "teimar" frequente nesta poética erudita e simples, inteligente e bela...
Um beijo
Mais um belo poema!
Abraço
Há a palavra que arde quando o fruto interdito se desprende letra a letra e o poeta tem fome de mar... Um belíssimo poema, meu amigo, mas apetece-me citar-te Herberto Helder: "é sempre fácil caminhar em cima das águas, mas é impossível fazê-lo milagrosamente".
Um beijo.
Graça Pires,
minha querida amiga,
continuando com o Herberto Hélder, que te agradeço
- "leia-se como um milagre cheio do milagre dos erros/leve-se para a vigília essa visão como um espelho"
beijo
... e eu meu irmão ...
aqui sequestrado no paraíso
Abraço amigo
admiro as letras e as palavras que fluem como uma água da natureza...parece fácil, mas só fluiem nas mãos de alguns.
Nas escarpas das palavras, escreve-se qual monge ou oficiante.
Que poema singular, sem queixumes, de esperas prenhes.
Beijinhos
eu acho que o Poeta nunca espera em vão.
por isso por vezes as palavras são fogo vivo.
mais um belíssimo poema.
:)
Fruto colhido em poema nos lábios gretados de silêncio... Perfeito!
Sorrisos e estrelas, sempre!
Helena
será o oficio o poeta
" o hino...
Ou a ara em que se imola..."?
ou, ambas as coisas, uma a validar a outra, em sagração de opostos???
do que acabei de ler (vários textos) direi que, e a cada leitura, maior a convicção: se a alguém é devido o reconhecimento enquanto pensador e poeta, esse alguém é a Manuel Veiga.
grata, fraterno abraço
Mel
E o cíclico sacrifício que de novo se anuncia.
Mais um belo poema.
Abraço irmão
Na senda do «Ajoelha e será crente» e de igual modo muito bom! Bom em força, em desejo, em renúncia, que vai renascer.
Muito bonito! Beijo, Poeta!
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