O grito preso na
garganta
E a criança nos
braços. Morta. Como lâmina.
Túneis de ódio e
lama...
E o grande
Espectáculo
Da Guerra. E o mortífero
Esplendor.
E a banalização
da Tragédia
A escorrer da Pantalha.
E a indignada revolta.
Assumida.
E o Horror até à
Náusea. E o suspiro desmaiado.
Nas asas do
esquecimento. Breve que venha.
Pois incomoda. E
tanto.
Do Extermínio
que ora se incendeia
Não o Crime, nem
Castigo que seja.
Pois que apenas medida.
Doseada.
Desta Justiça fingida.
E dos falsários
da Hora.
As vítimas são a
lepra. E os carrascos
A mão que
embala...
Como libertar este
cerco? E esta raiva?
E soltar este
grito? Que de tão vivo se fez Martírio.
E sangue
consagrado.
Manuel Veiga
8 comentários:
Como soltar o grito preso na garganta se o ser humano está perdendo a sensibilidade relacionada à violência? Se a falta de respeito pela vida vive a banalizar a morte? Vai doer cada vez mais ver que essa calamidade está a se perpetuar...
Um intenso grito de revolta soubeste colocar nesta postagem, meu amigo!
Sorrisos, estrelas, tristeza...
Helena
De tão vivo, este grito, é ele próprio a lâmina que corta o silêncio.
Intensa e triste, a realidade e o poema.
Beijo
Por vezes, as palavras, secam. Fica o silêncio a doer, a doer...
Beijo
Os mortos já não choram
as lágrimas dos vivos
neste mar de prantos
Abraço
Cego é o cão
diz o cego
Retrato vivo de mais desta tragédia que estamos vivendo mesmo que à distância sem que nada seja feito por quem pode. Por quem deveria.
Em carne viva!
O poema denúncia. Um murro no estômago da ignomínia.
Abraço fraterno
um poema que é um grito, neste mundo conturbado.
:(
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