Em
Babilónia, havia um ministro que gostava de robalos.
Era essa a sua circunstância – gostar de robalos e de facilitar negócios aos amigos! Fora essa sempre a sua vida...
Um dia, as circunstâncias da Justiça alteraram-se (pouco
que seja) em Babilónia – e o ex-Ministro
foi condenado por tráfego de influências...
Condenado, o ex-Ministro indignou-se. E, filosofante,
sustenta que a pesada sentença visa, não a ele, mas a sua circunstância...
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E um jornalista da velha escola, de olhos cansados e
ironia aguçada: “Sábia conclusão! As circunstâncias
colam-se à pele como segunda natureza – importa saber cuidar delas...”
14 comentários:
Eu não venho comentar, venho visitar e agradecer.
E não comento o que por si traz toda a beleza de um texto dourado pela cadência das suas palavras e pelo assunto apresentado.
Mas posso dizer...Uma Beleza!
Maria luísa
Pena a "justiça" ser apenas para quem gostava de robalos!
Abraço
Aos velhos jornalistas, envelhecem os olhos mas não lhes envelhece o olhar
Salvos sejam os robalos
que ainda não foram comidos
Nem só de robalos vive o homem.
Lídia
e há ainda os robalos escalados...
para quem entende de palavras meio robalo basta...
:)
Os "robalos" continuam a servir para muita coisa...
Um beijo, meu amigo.
Confio no olhar dos antigos jornalistas.
Um grande bj querido amigo
Claro... vermelho e solta-se o poema!
Abç da bettips
É! Nas circunstâncias reside o problema.
Malditas circunstâncias!
Eu, pessoalmente, prefiro uma posta de salmão grelhado coberto de coentros - soberbo! Mas se há, ou houve um dia, homem que preferisse o robalo, e se lhe apareciam à porta com o dito fresquíssimo, acabado de morder o anzol, por que culpabilizar a circunstância em que o bom homem não conseguia resistir ao petisco, e nem queria, por sombras, ferir suscetibilidades, ou desperdiçar o artigo, que, diga-se está pela hora da morte?
E, se em troca dum robalo, fazia uns favorzitos ao amigo que lhe trazia o manjar, onde reside o problema? Não é sabido que amigo é para quando se precisa, e que uma mão lava a outra, e que as duas juntas lavam a cara?
A senhora Justiça devia levar em consideração as circunstâncias da boa e genuína amizade, e entender de uma vez por todas que nem toda a gente anda por aí pela Babilónia com intenções obscuras - já não sei bem se seria este o adjetivo adequado.
Nem sei se da próxima vez que a vizinha me vier trazer uma posta de salmão acabadinho de grelhar, em troca de duas cebolas, se aceite, se a mande pensar bem nas circunstâncias...
sugiro-lhe que na avaliação das circunstâncias tenha em consideração o tamanho... das cebolas!
volte sempre.
O circunstancial fulano até sabe que o peixe é muito mais saudável.E, faça-se justiça, bem grelhados são um petisco...
Como estou na terra, quer dizer, no mar dos Arenques, a pescaria está a passar-me um pouco ao lado.
Um abraço Amigo
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